Embaixador de São Tomé e Príncipe critica situação "dramática" vivida no bairro do Talude Militar

Esterline Gonçalves Género visitou este domingo o bairro do Talude Militar, onde muitos moradores eram pessoas provenientes de São Tomé e Príncipe.

20 de julho de 2025 às 20:17
Bairro do Talude Militar Foto: RODRIGO ANTUNES/Lusa
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O embaixador de São Tomé e Príncipe em Portugal lamentou este domingo não ter sido informado pela Câmara de Loures do plano para demolir habitações precárias no bairro do Talude, onde descreveu uma situação "dramática" que já ultrapassa a autarquia.

Esterline Gonçalves Género visitou este domingo o bairro do Talude Militar, onde, segundo adiantaram à Lusa fontes de um movimento cívico, muitos moradores eram pessoas provenientes de São Tomé e Príncipe, mas também de Cabo Verde, Brasil e outras nacionalidades.

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No local, o representante diplomático afirmou ter observado uma situação "dramática para a qual há urgência em tomar uma decisão".

"Se no passado dizíamos que era indigna, não sei o que é hoje", afirmou o embaixador em declarações à SIC Noticias no local, que visitou este domingo, vindo do estrangeiro, onde se encontrava, para "dar o apoio possível", para já com tendas e alimentos para distribuir pelas pessoas que ali permanecem, apesar de 55 das 64 habitações precárias terem sido demolidas.

O embaixador de São Tomé e Príncipe lamentou não ter sido informado do plano para demolir as habitações do bairro, afirmando que tem tentado falar com o presidente da Câmara de Loures, e nunca conseguiu, mas, segundo afirmou nas mesmas declarações, almoçou no dia 10 de julho com a vice-presidente, ocasião em que considerou que "devia ter sido informado".

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Ao ver agora a situação, o diplomata sublinhou que "já não está ao nível da autarquia, mas sim ao nível nacional".

Loures iniciou na segunda-feira uma operação de demolição de 64 construções precárias ilegais, onde viviam 161 pessoas, tendo sido demolidas 51 no primeiro dia e outras quatro no segundo.

A operação foi, entretanto, suspensa após o despacho de um tribunal de Lisboa, na sequência de uma providência cautelar interposta por 14 moradores.

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Das 55 famílias que ocupavam as construções precárias demolidas, 14 estão a receber apoio da Câmara Municipal de Loures, que disse ter atendido 38 dos agregados até sexta-feira.

Segundo informações da autarquia, outras 14 famílias encontraram alternativa habitacional junto de familiares ou amigos, três recusaram o apoio e sete não manifestaram interesse nas soluções apresentadas.

De acordo com os últimos dados disponibilizados, três famílias, com cinco menores a cargo, continuam com apoio de pernoita e dez famílias, com 21 menores a cargo, encontram-se a receber apoio alimentar.

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Cinco famílias conseguiram aceder ao mercado de arrendamento, tendo beneficiado do apoio municipal para o pagamento da caução e do primeiro mês de renda, acrescenta a autarquia.

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