Diminuição da poluição devido a medidas de combate ao coronavírus evitou 609 mortes em Portugal

Redução significativa poderá ter salvo 11.000 vidas na Europa nos últimos 30 dias, de acordo com estudo.

12 de maio de 2020 às 19:51
Lisboa deserta durante período de quarentena Foto: Direitos Reservados
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A redução significativa da poluição devido às medidas para combater a covid-19 podem ter salvo 11.000 vidas na Europa nos últimos 30 dias, 609 em Portugal, segundo um estudo divulgado hoje.

As medidas para combater a pandemia de covid-19, doença causada por um novo coronavírus, levaram a uma grande desaceleração da economia, reduzindo substancialmente os transportes, com a produção de eletricidade a partir do carvão a cair 40% e o consumo de petróleo a diminuir em quase um terço, indica o estudo do Centro de Investigação em Energia e Ar Puro (Centre for Research on Energy and Clean Air -- CREA, uma organização independente com sede em Helsínquia).

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Como resultado, estima o CREA, as concentrações de dióxido de azoto (NO2) e de partículas finas (partículas em suspensão no ar, tóxicas) diminuíram 37% e 10%, respetivamente.

A melhoria da qualidade do ar evitou nos últimos 30 dias em Portugal 609 mortes (cerca de dois terços do número de mortes em Portugal atribuídas à covid-19, hoje contabilizadas em 973, segundo a Direção-Geral da Saúde). Numa estimativa mais otimista o número de mortes podia ser apenas de 440 e numa perspetiva mais pessimista poderia chegar a 887, segundo o estudo.

A Alemanha evitou 2.083 mortes prematuras, o Reino Unido 1.752, a Itália 1.490, França 1.230 e Espanha 1.081.

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Quanto ao impacto na redução dos principais poluentes do ar, em resultado das medidas de emergência, Portugal surge como o país onde a redução é maior, com mais de 50%, tanto no dióxido de azoto como nas partículas finas.

Espanha foi o segundo país que mais reduziu os níveis de poluição, especialmente de NO2, seguida da Noruega, e de França.

Em termos de redução de NO2, Portugal liderou com menos 58%, seguido de Espanha com 51%, da Noruega com 48%, e da Croácia com 47%.

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Na redução de partículas finas Portugal atingiu menos 55%, seguido da Grécia, com 32%, da Noruega (30%) e da Suécia (28%).

No resumo do documento os autores colocam ainda Portugal no grupo dos países que mais mortes evitaram devido à queda da poluição.

"Os impactos projetados evitados na saúde são maiores na Alemanha, Reino Unido, Itália, França, Espanha, Polónia e Portugal", pode ler-se no documento.

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Os autores salientam também que Portugal não produz energia através do carvão há mais de um mês.

O CREA nota, no estudo, que o carvão e a queima de petróleo são as principais fontes de poluição por NO2 e por partículas finas na Europa. E diz que o mês excecional devido à covid-19 teve ainda outros impactos além de evitar a perda de vidas, como menos 6.000 novos casos de asma em crianças, menos 1.900 idas às urgências dos hospitais devido a ataques de asma, e menos 600 nascimentos prematuros.

A poluição do ar, diz-se no documento, é a maior ameaça ambiental à saúde na Europa, com a esperança média de vida a ser reduzida na União Europeia em cerca de oito meses devido à exposição à poluição.

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Em 2016, 400.000 mortes na Europa foram atribuídas a partículas finas e 71.000 mortes a NO2.

Estima-se, diz-se no documento citando a Organização Mundial de Saúde (OMS), que 60% da população dos países mais desenvolvidos da Europa esteja exposta a níveis de poluição que excedem as diretrizes da OMS, com 80% da população dos países mais pobres do continente na mesma situação.

 

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