Exames em escolas do país decorrem "com normalidade"
Professores em greve em dia de exames e provas de aferição.
Os professores fazem esta quarta-feira greve, em dia de exames nacionais do ensino secundário e provas de aferição do ensino básico.
O Ministério da Educação assegura estarem reunidas as condições para que os exames nacionais e as provas de aferição se realizem dentro da "necessária normalidade" com a fixação dos serviços mínimos.
Já o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) alegou que estão a ser "cometidas ilegalidades" em várias escolas no que diz respeito às convocatórias de professores para assegurar os serviços mínimos em dia de greve.
De acordo com Mário Nogueira, em vários pontos do país estão convocados mais professores do que aqueles que são necessários para assegurar a realização das provas de aferição e dos exames nacionais. A Federação Nacional de Educação, por sua vez, garante que a greve de professores encerrou centenas de escolas por todo o país, nomeadamente do primeiro ciclo e jardins de infância, e anulou centenas de reuniões previstas para esta quarta-feira.
CGTP-IN acusa Ministério de promover monólogo
O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, atribuiu ao Ministério da Educação a responsabilidade pela greve dos professores, acusando a tutela de confundir diálogo com "um monólogo" sem resultados.
O dirigente sindical esteve ao lado da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) no primeiro balanço da greve, em Lisboa, saudando todos os docentes que na sua opinião estão hoje a dar "um exemplo de grande dignidade" ao defenderem os seus direitos e uma escola pública de qualidade.
A paralisação é convocada pelas principais estruturas sindicais de docentes, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), afeta à CGTP-In, e a Federação Nacional da Educação, afeta à UGT.
Os sindicatos decidiram avançar com a greve, após sucessivas reuniões inconclusivas com o Ministério da Educação, inclusive na véspera da paralisação.
Nos exames do ensino secundário de hoje estão inscritos mais de 76 mil alunos.
Fuga de informação no exame de Português do 12.º ano vai ser averiguada
O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) vai remeter esta quarta-feira para a Inspeção-Geral de Educação e Ciência e para o Ministério Público informações sobre uma alegada fuga de informação no exame de Português do 12.º ano. A decisão surge na sequência da divulgação de um ficheiro áudio que revela informações sobre a prova de Português da primeira fase, realizada na segunda-feira, "e que alegadamente foi difundido antes da aplicação da prova", adianta o IAVE numa nota enviada à imprensa.
"Como habitualmente", o IAVE "vai remeter para a IGEC [Inspeção-Geral de Educação e Ciência] e para o Ministério Público todas as informações de que dispõe sobre o caso para efeitos de averiguação disciplinar e criminal", sublinha o instituto responsável pela realização dos exames. O jornal Expresso teve acesso ao áudio que circulou nas redes sociais alguns dias antes do exame nacional e que revelava o que ia sair na prova e que se confirmou.
Segundo o áudio, a fuga partiu da "presidente de um sindicato de professores". Na gravação, feita por uma aluna que não se identifica, pode ouvir-se a estudante a dizer: "Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive". "Pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória e outra sobre a importância dos vizinhos no combate à solidão", acrescenta a aluna na gravação.
Segundo o Expresso, a situação foi denunciada ao Ministério da Educação por Miguel Bagorro, professor na Escola Secundária Luísa de Gusmão, em Lisboa, que teve conhecimento da gravação no sábado, através de um aluno a quem dava explicações de Português. "Na altura não liguei, até porque todos os anos há boatos a circular sobre o que vai sair nos exames. Mas na segunda-feira, quando vi o que saiu na prova, fiquei estupefacto. O que foi dito na gravação foi exatamente o que saiu. Logo nesse dia, escrevi uma denúncia ao Ministério da Educação", contou Miguel Bagorro ao Expresso.
Na denúncia que enviou ao Ministério da Educação e ao Júri Nacional de Exames, o professor refere que esta alegada fuga de informação "compromete seriamente a justiça do exame de Português" e defende que este "deveria pura e simplesmente ser repetido". "Independentemente de vir ou não a ser anulada, o que me parece óbvio é que tem de haver um controlo muito maior sobre as provas porque o que aconteceu descredibiliza totalmente os exames nacionais", disse o professor ao jornal.
Sindicatos da Fenprof vão agir contra "violação do acórdão" de serviços mínimos Os sindicatos da Fenprof vão apresentar queixa pela "violação do acórdão" que define os serviços mínimos na greve de professores de hoje, por parte de algumas escolas, anunciou o secretário-geral da federação sindical. "Em relação aos serviços mínimos, continuamos a receber informação sobre ilegalidades que estão a ser cometidas. Neste caso não é pelo Ministério da Educação, mas pelas direções das escolas", disse Mário Nogueira aos jornalistas ao fazer um primeiro balanço da greve, em Lisboa, em dia de exames nacionais do ensino secundário e provas de aferição do ensino básico.
O dirigente sindical deu vários exemplos de escolas em diferentes pontos do país, de Póvoa de Lanhoso a Beja, passando por Coimbra e Lisboa, onde foram convocados mais professores do que os necessários para assegurar a realização dos exames e das provas. "Situações destas temos de lés a lés. Em Viana do Castelo, no Agrupamento de Escolas Monte da Ola ou, em Coimbra, no José Falcão, ou em Carnaxide, aqui bem perto, ou em Tomar, no agrupamento dos Templários, no Agrupamento de Escolas de Benfica, onde todos os professores foram convocados para estes serviços, no Agrupamento de Escolas Ruy Belo, em Beja", afirmou.
Mário Nogueira frisou que apesar dos esclarecimentos emitidos pelo Júri Nacional de Exames e do próprio colégio arbitral sobre quem pode ou não ser convocado, houve escolas que "pura e simplesmente ignoraram as orientações" e os diretores "fizeram aquilo que lhes apeteceu". Defendeu que, também por este motivo, é essencial rever o modelo de gestão das escolas, conforme a Fenprof tem defendido. "Cada um dos sindicatos de professores da respetiva região irá desenvolver todas as ações que forem consideradas adequadas, que estiverem estabelecidas na lei, no sentido de apresentar a queixa devida contra estes abusos", assegurou o dirigente sindical, acrescentando que "se algum professor tivesse violado os serviços mínimos e, convocado para os mesmos, não comparecesse, naturalmente que ficaria sob alçada disciplinar".
"Isto é válido para um professor e para qualquer pessoa que viole os acórdãos de serviços mínimos e neste caso há uma violação clara do acórdão que define os serviços mínimos", sublinhou.
No que diz respeito ao impacto da greve, Mário Nogueira remeteu para a tarde um balanço mais preciso, mas indicou que um pouco por todo o país não estão a realizar-se os habituais conselhos de turma em fim de ano letivo e outras atividades não relacionadas diretamente com os exames.
PCP e BE ao lado dos professores em greve e contra serviços mínimos
O PCP e o Bloco de Esquerda colocaram-se hoje ao lado dos professores em greve, para lhes manifestar solidariedade e condenar os serviços mínimos decretados em dia de exames nacionais e provas de aferição.
"Não podemos deixar de lamentar que o governo tenha recorrido a um mecanismo que o anterior governo de direita (PSD-CDS/PP), de forma inédita, pôs na lei para considerar que na educação os exames são serviços mínimos", disse aos jornalistas a deputada do BE Joana Mortágua, em Lisboa, junto à escola onde a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) fez um primeiro balanço da greve. Alunos do Porto despreocupados com greve, mas nervosos com conteúdos nos exames
O nervoso existia entre alunos do 11.º ano da secundária Clara de Resende, no Porto, mas apenas pela incerteza dos conteúdos dos exames marcados para hoje e não pela greve dos professores, que não afetou aquela escola.
"Vamos, claro que vamos fazer exames, [porque] não se pode brincar com isto", desabafou à Lusa Vasco Teixeira, aluno do Clara de Resende que às 08h30 já estava à porta da escola, apenas "nervoso com o exame" de Física e Química A que tinha pela frente, e não com a greve.
Na secundária Clara de Resende, onde as greves de funcionários públicos e de professores costumam ter impacto no seu normal funcionamento, a paralisação dos professores convocada para hoje não se fez sentir, cumprindo-se todos as provas programadas, quer os exames do 11.º como a prova de equivalência do 9.º ano.
Mesmo antes do toque que marcou o início das provas, às 09h30, a diretora da escola, Rosário Queirós, afirmou à Lusa que a greve dos professores não afetaria os exames marcados, porque "os serviços mínimos que o Ministério da Educação propôs" é o que o estabelecimento de ensino "tinha [programado já] para uma situação normal".
"Estou tranquila", disse a diretora quanto à realização das provas, mas esta greve marcada para um dia de exames nacionais deixou-a "dividida".
Rosário Queirós admitiu que aderiu sempre às greves de professores, mas se tivesse que fazer esta "teria de pensar" muito bem, por ser convocada para data de exames.
"Tinham um ano inteiro para convocá-la...", desabafou.
Prova de aferição na EB1 de Carlos Alberto, Porto, realizou-se
A greve dos professores não provocou qualquer perturbação no funcionamento da EB1 de Carlos Alberto, na Baixa do Porto, onde hoje se realizou a prova de aferição de Matemática e Estudo do Meio do 2.º ano de escolaridade.
Professores e alunos iam chegando à hora marcada para um dia normal de aulas. A alegria com que a assistente Domítila dava as boas-vindas contagiava e acalmava os alunos do 2.º ano de escolaridade, mais preocupados com a prova de matemática.
Aos oito anos, Filipa Alexandra não escondia que se sentia desconfortável porque "as contas de dividir são difíceis".
Exames em secundária de Braga decorrem "com normalidade"
A greve dos professores não se fez sentir numa das maiores escolas secundárias de Braga, onde os exames nacionais estão a decorrer "com normalidade", confirmou à Lusa a diretora do agrupamento escolar Carlos Amarante.
Os professores cumprem esta quarta-feira um dia de greve, reivindicando a abertura de concursos de vinculação extraordinária para docentes contratados, um regime especial de aposentação, o descongelamento de carreiras e uma redefinição dos horários de trabalho.
Hoje é dia de exames nacionais, nomeadamente de provas de aferição de Matemática e Estudo do Meio do 2.º ano de escolaridade do ensino básico e exames nacionais do 11.º ano às disciplinas de Física e Química A, Geografia A e História da Cultura e das Artes.
"Os alunos entraram para as salas de aula normalmente, os professores compareceram, está tudo a decorrer com normalidade", disse Hortense Santos.
O ambiente à porta da escola Carlos Amarante é o "normal nestes dias", segundo comentaram os funcionários: "Nada de especial, os pais trouxeram os alunos, outros vieram sozinho, todos com papeis na mão, conversadores como sempre", disse uma das funcionárias.
À porta, a mãe de um jovem aluno do 11.º ano disse à Lusa que ficou, "pelo sim, pelo não", à espera de notícias.
"Combinei com o meu filho que esperava aqui até as 09h45. Se ele não aparecesse é porque havia exame", explicou Arminda Cunha.
"Já são 09h45 e ele não veio, deve estar a fazer o exame", concluiu.
Escolas do Algarve pouco afetadas pela greve
A greve dos professores não afetou a realização dos exames nacionais hoje de manhã nas escolas secundárias do Algarve, disse à agência Lusa a coordenadora regional do Sindicato dos Professores da Zona Sul.
De acordo com Ana Simões, "os exames estão a decorrer com normalidade nas escolas do Algarve, não havendo conhecimento de quaisquer impedimentos devido à greve dos professores".
A dirigente sindical indicou que "essa normalidade decorre ao facto de estarem assegurados os serviços mínimos".
Ana Simões acrescentou que os efeitos da greve "podem, eventualmente, fazer-se sentir durante a tarde, com a não realização das reuniões de avaliação agendadas para esse período".
Greve de professores sem impacto no Agrupamento de Escolas de Benfica
A greve dos professores não se fez hoje sentir no Agrupamento de Escolas de Benfica, em Lisboa, onde à hora marcada os alunos entraram nas salas de aula para realizar os exames nacionais e as provas de aferição.
Antes de entrarem para as salas de aula na Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Benfica, os alunos mostravam algum nervosismo com o exame, que foi agravado pelo receio da greve marcada pelos sindicatos dos professores, embora estivessem acautelados os serviços mínimos.
"Eu sabia da greve, estavam até a dizer que iam colocar psicólogos em vez de professores para garantir os serviços mínimos. Não sei se vai realmente acontecer", disse à agência Lusa Joana, antes de entrar na escola para fazer o exame de Geografia.
Apesar de não concordar com a greve no dia de exames, Joana confessou que até não seria mau se não se realizasse, porque teria "mais tempo para estudar".
Greve dos professores não afetou exames na Madeira
A greve dos professores não afetou a realização das provas de aferição e dos exames nacionais na Madeira e decorreram normalmente em todas as escolas da região autónoma, informaram hoje o Governo Regional e o sindicato do setor.
"Como já sabíamos e como não poderia ser de outra forma, o serviço de exames e provas globais não está a ser afetado, disse o coordenador do Sindicato dos Professores da Madeira (SPM), Francisco Oliveira, vincando que a partir do momento em que foram decretados serviços mínimos "era impossível não se realizarem exames".
O dirigente sindical sublinhou que o próprio SPM aconselhou os docentes a acatar a decisão e, por isso, as escolas funcionaram "com regularidade".
"Há muitos colegas em greve, mas não afetaram o serviço e não poderia ser de outra forma", disse.
O Governo Regional elogiou, por seu lado, o "brio e a responsabilidade" dos professores da região autónoma, o que permitiu que "todos os alunos pudessem efetuar as suas provas".
Exames decorrem com normalidade nas escolas dos Açores em dia de greve
Os exames nacionais estão a decorrer normalmente nas escolas de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.
"A greve não se fez sentir, de forma alguma, uma vez que todos os professores que estavam convocados para o serviço de exames compareceram ao serviço", declarou à agência Lusa o vice-presidente do conselho executivo da Escola Secundária Domingos Rebelo, Domingos Neto.
No estabelecimento de ensino, um dos de maior dimensão na ilha de São Miguel, reinava a normalidade, com os alunos e professores a cumprirem a sua rotina diária num dia marcado pela realização de exames e também pela greve convocada pelos sindicatos de professores, embora fossem acautelados os serviços mínimos.
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