"Fui para ser operada ao intestino e saí de lá só com um rim", diz testemunha de médica que denunciou hospital de Faro

Médica que denunciou más práticas no Hospital de Faro está a ser julgada por difamação.

03 de outubro de 2025 às 01:30
Médica Diana Pereira está a ser julgada por difamação Foto: CMTV
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"Fui para o hospital de Faro para ser operada ao intestino e saí de lá só com um rim". A descrição é de uma doente que na quinta-feira testemunhou no julgamento da jovem médica que denunciou 11 casos de más práticas clínicas no Hospital de Faro. Diana Pereira está a ser julgada por difamação por alegadamente ter "manchado o bom nome e reputação" do director do Serviço de Cirurgia daquela unidade de saúde algarvia, Martins dos Santos, pede uma indemnização de 172 mil euros.

"Tinha um tumor em fase inicial no intestino e segundo os médicos a cirúrgia seria simples. Iria ficar lá apenas 3 ou 4 dias, mas acabei por ficar um mês. Fui para a sala de operações quatro vezes e tive de levar quatro anestesias gerais", recordou Marta Mattos, que foi operada pelo cirurgião Pedro Henriques, um dos médicos denunciados por Diana Pereira. 

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As denúncias foram feitas à Polícia Judiciária em 2023 e o processo ainda está em investigação no Departamento de Investigação e Ação Penal de Évora. Apesar de ainda não existirem conclusões do processo-crime, a denunciante já está a ser julgada por difamação. "As pessoas que enfrentam os sistemas que estão instalados e que vão contra os interesses estabelecidos são fatalmente sacrificados", lamentou Francisco Teixeira da Mota, advogado da médica Diana Pereira.

Dois enfermeiros do Hospital de Faro foram também ouvidos como testemunhas e revelaram algumas das complicações resultantes das cirúrgias realizadas pelos médicos denunciados pela médica interna, que depois disso passou a sofrer represálias.

O psicólogo de Diana Pereira também foi chamado a tribunal e descreveu o estado de ansiedade da médica antes de denunciar os casos de alegada negligência ou omissão de auxílio.

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A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) propôs uma suspensão de 40 dias, com perda de retribuição e antiguidade, a um dos dois médicos denunciados em 2023 por más práticas no serviço de cirurgia do Hospital de Faro.

A decisão consta das conclusões da IGAS ao processo disciplinar instaurado pela Unidade Local de Saúde do Algarve a um médico cirurgião principal denunciado por más práticas clínicas pela médica Diana Pereira, em abril de 2023.

A próxima sessão de julgamento está marcada para o dia 21 de outubro.

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