“Os rapazes tiraram-te as cuecas?": Igreja pede para vítimas reportarem abusos do padre de Joane mas ninguém apareceu
Cónego de Famalicão jurou que nunca cometeu qualquer abuso sexual e exige um pedido de desculpas aos “caluniadores”.
Um balde de água fria. Por pressão da comunidade de Joane, Famalicão, o arcebispo de Braga determinou que, no passado dia oito, a Comissão Arquidiocesana para a Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis se encontrasse aberta, das 13h30 às 18h30, para ouvir em exclusivo quem quisesse falar dos alegados abusos cometidos pelo cónego Manuel Fernando Sousa e Silva e, curiosamente, ninguém apareceu.
Era uma tarde de sábado e, na Cúria Arquidiocesana, estiveram os membros da Comissão, entre eles o bispo auxiliar D. Nuno Almeida, que preside ao organismo, e nem uma pessoa lá se dirigiu.
Recorde-se que D. José Cordeiro foi celebrar missa a Joane no dia dois e pediu à comunidade perdão pelos abusos supostamente cometidos pelo cónego. Isto porque, nas duas semanas anteriores, se tinham avolumado as notícias sobre questões de natureza sexual que, no confessionário, o clérigo colocaria aos penitentes, então crianças com idades entre os sete e os 11 anos.
Segundo o jornal I, o sacerdote abusava sexualmente de meninas no confessionário. Uma das vítimas relata que entrava no confessionário sem pecados e "saía cheia deles".
"Perguntava se algum rapaz já me tinha tirado as cuequinhas, se me mexera no pipi, se se metera em cima de mim e se me apalpava os seios. Ao mesmo tempo punha-me a mão no peito", refere uma das vítimas.
Foram vários os depoimentos de supostas vítimas, a dar conta de que “o padre Fernando fazia perguntas sobre coisas de que nós nunca tínhamos ouvido falar”. O cónego, por seu lado, jurou perante o Tribunal Eclesiástico que nunca cometeu qualquer abuso de natureza sexual e admite, após a conclusão deste processo, exigir um pedido de desculpas aos “caluniadores”.
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