INEM afasta médico de helicóptero que estaria na tourada quando recusou voar
Decisão surge após inquérito sobre a recusa do clínico em transportar um doente por sofrer de uma indisposição.
O INEM afastou o médico cirurgião, António Peças, que efetuava emergência médica no helicóptero estacionado no Hospital de Évora.
A decisão surge após a realização de um inquérito elaborado a partir de uma denúncia sobre a recusa do clínico em transportar um doente por sofrer de uma indisposição. Há, contudo, indícios que colocam o médico à mesma hora a trabalhar numa tourada.
"O INEM decidiu cessar a prestação de serviços do médico António Peças a partir do dia 1 de fevereiro de 2019", divulgou fonte do instituto ao CM. A mesma fonte confirmou a conclusão do inquérito e o envio das conclusões para a Inspeção Geral das Atividades em Saúde, para a Ordem dos Médicos e também para o Hospital do Espírito Santo em Évora.
Contactados pelo CM, dos três organismos apenas o hospital divulgou que "não faz declarações sobre este assunto".
O caso remonta a 29 de outubro de 2017. Um doente de 74 anos sofreu um traumatismo de crânio com uma extensa hemorragia subaracnóidea traumática.
O hospital decide pelo transporte por helicóptero para o Hospital de São José, em Lisboa, onde uma equipa de neurocirurgia aguarda o doente.
O transporte acaba, contudo, por não se concretizar porque o médico alega sofrer de uma gastroenterite, revela a denúncia anónima que terá sido entregue no INEM.
O doente seria deslocado para Lisboa por ambulância dos bombeiros, acompanhado não por um médico, mas por um enfermeiro.
Um outro incidente ocorrido sensivelmente à mesma hora levanta, contudo, fortes suspeitas que o médico estava a trabalhar em simultâneo na Arena d’ Évora onde teria lugar na mesma tarde uma corrida de toiros.
Noticiou então o Toureiro.pt que na referida corrida o diretor do espaço, Marco Gomes, sofreu queimaduras no balneário enquanto tomava banho e foi assistido pela equipa médica afeta ao espetáculo, que incluía o médico António Peças.
Impõe a legislação que a realização de uma tourada obriga à entrega de documentos comprovativos da presença dos médicos junto da inspeção geral das atividades culturais.
A mesma denúncia aponta ainda que, ao longo de vários meses, o médico António Peças terá estado em simultâneo a trabalhar para o hospital de Évora e para o helicóptero, recebendo de ambas as instituições.
O Correio da Manhã procurou obter uma posição por parte do médico cirurgião, mas, por agora, não obteve resposta.
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