"Mandem aqui os bombeiros que eu morro dentro de casa": Idosa de 85 anos ficou cercada pela água em Vila do Conde
Maria, de 85 anos, usou botão de pânico para pedir ajuda.
"Meninas, mandem aqui os bombeiros que eu morro dentro de casa". O apelo desesperado de Maria da Conceição Ferreira, de 85 anos, feito através do botão de pânico, serviu para espoletar o socorro à idosa que, na última madrugada, ficou cercada pela água, em Modivas, Vila do Conde. Maria e os vizinhos, moradores na rua da Lage, viveram horas de verdadeira aflição devido a uma tromba-d'água que fez o caudal do ribeiro da Lage subir repentinamente e alagar casas e ruas, deixando para trás um cenário de destruição.
"Já tivemos cá várias cheias, mas nunca vi uma coisa assim", relata a idosa, visivelmente emocionada. Cerca das 04h00 da madrugada apercebeu-se da chuva, abriu as portas e viu que o rio tinha galgado as margens. Meia hora depois, já a água estava a chegar à porta da casa onde vive sozinha. "Tenho aqui este botão e liguei para pedir ajuda. Pensei que morria aqui sozinha", recorda, de lágrimas nos olhos.
Foram ao todo 12 as casas afetadas pela chuva repentina, em Modivas. Sofia Barbosa estava a dormir, quando se apercebeu da chuvada. "Tirámos os carros e as ferramentas que o meu marido usa no trabalho e ainda tentámos tirar a água com baldes, mas quando a água começou a entrar pela casa dentro, vimos que não havia nada a fazer. Perdemos tudo. A minha casa está completamente destruída", lamentou a moradora, visivelmente emocionada.
Quando o caudal da água começou a baixar, os moradores iniciaram a limpeza. "Tenho aqui coisas que não me pertencem, não sei de onde vieram, mas não se aproveita nada", lamentou Florentina Sousa. Esta moradora preferiu abandonar a casa após a limpeza. "Vou passar a noite fora, porque tenho medo que a água volte a subir", atirou.
A Câmara Municipal de Vila do Conde ativou o plano de emergência e preparou camas para eventuais desalojados devido à depressão 'Cláudia'.
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