Menino abandonado por toda a família
Pai deixa criança com deficiência abandonada no carro. Tio diz que ninguém o quer ter.
"Se calhar é a sorte dele ir para uma instituição. Pelo menos não leva maus-tratos e é seguido para aquilo que lhe faz falta, como um médico". André Almas é tio da criança de 13 anos que foi abandonada pelo pai na madrugada de terça-feira, no Montijo, e foi quem decidiu pôr termo ao calvário do sobrinho, que sofre de deficiência cognitiva: chamou a PSP depois de o cunhado, Salvador Rodrigues, ter deixado a criança trancada no interior do carro.
Quando as autoridades chegaram ao local, o menor estava deitado no banco de trás, desorientado, nervoso e com fome. "A criança é uma bola de pingue-pongue. Nem a tia nem a mãe nem a avó nem o avô, muito menos o pai, querem saber dele. Houve um dia que o pai ia matando o gaiato à porrada". Segundo André, o menino já estaria sinalizado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Amadora, cidade onde vivia habitualmente com os avós paternos.
Às autoridades, Salvador Rodrigues, de 47 anos, disse estar a viver um relacionamento com uma nova mulher e alegou não ter condições para tomar conta do filho. O auto de notícia levantado pela PSP indicia Salvador Rodrigues da prática do crime de exposição ao abandono do menor. Cabe agora ao Ministério Público deduzir ou não acusação.
Jovem está numa instituição em Setúbal
O jovem abandonado pelo pai foi encontrado por agentes da PSP do Montijo na madrugada de terça-feira. A PSP entregou a criança no Centro Jovem Tabor, em Setúbal, uma Instituição Particular de Solidariedade Social que acolhe jovens em risco. Nenhum responsável quis prestar declarações sobre o assunto.
O CM contactou a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Amadora, que já teria referenciado o jovem: não foi dada resposta.
Oito pessoas a viver na mesma casa
Oito pessoas a viver na mesma casaO CM visitou a casa onde Salvador vive com a mulher e outras 6 pessoas, entre as quais filhos da mulher. A senhoria, Alice Baldricó, diz-se "chocada" com o que se passou. "Ele nunca foi um bom pai para o menino", conta.
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