Ministério acusado de facilitar a Matemática

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) emitiu um parecer muito crítico sobre o projeto do Governo para o novo currículo do ensino básico e secundário, que esteve em consulta pública até ontem. A SPM diz que o projeto é "facilitista", ao propor como referência "documentos vagos", como o Perfil do Aluno, ou "sem a qualidade mínima", como as Aprendizagens Essenciais.

A SPM defende que a proposta de novo currículo "desinveste no conhecimento" e coloca a tónica "na prática, no aplicável e no concreto, comprometendo a aprendizagem de disciplinas como a Matemática". "Trata-se de um documento muito preocupante, pois põe em causa os progressos duramente conquistados, nas últimas décadas, pelos alunos e famílias portuguesas", pode ler-se.

Segundo a SPM, o documento Aprendizagens Essenciais de Matemática, que é referência do novo currículo, é apenas "um rascunho", um "documento inacabado".

A SPM considera "inaceitável que se pretenda que um conjunto de meia dúzia de páginas, em grande parte desarticuladas e desconexas, se venha a sobrepor, já no próximo ano letivo, aos atuais Programas e Metas Curriculares de Matemática". A SPM diz também que, com esta proposta do Governo, a Matemática pode perder 20% da carga horária.

Confrontado pelo CM, o Ministério da Educação nega, garantindo que "os valores inscritos nas matrizes para a disciplina de Matemática são os mesmos previstos no currículo em vigor". Já sobre as críticas às Aprendizagens Essenciais, o ME diz que a SPM se referiu apenas ao "projeto piloto".

A SPM tem sido muito crítica deste Governo e defendido o anterior executivo, no qual Nuno Crato, ex-líder da SPM, foi ministro da Educação. Já a Associação de Professores de Matemática tem criticado as políticas de Crato e exigido a mudança dos programas e metas.

APM concorda com proposta mas pede novos programas

A responsável considera, no entanto, que "há incompatibilidade entre os documentos Perfil do Aluno e Aprendizagens Essenciais e os programas de Matemática em vigor". "Os programas devem ser rapidamente alterados", diz.