Ministério promete analisar os 10 mil contributos para a disciplina de Cidadania

Novo programa entra em vigor no mês de setembro.

09 de agosto de 2025 às 01:30
Alunos Foto: Direitos Reservados
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A consulta pública à disciplina de Cidadania recebeu mais de dez mil contributos, que o Ministério da Educação garante estarem a ser analisados para eventuais alterações ao novo programa, que entra em vigor em setembro. A consulta pública da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC) e das Aprendizagens Essenciais (AE) de Cidadania e Desenvolvimento, que decorreu entre 21 de julho e 5 de agosto, recebeu 10 120 contributos, revelou o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) esta sexta-feira. 

Sete em cada dez sugestões focaram-se na Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (7073 contributos), sendo as restantes relativas às AE da disciplina. Em resposta à Lusa, o MECI garante que a Direção-Geral da Educação (DGE) está agora "a analisar os contributos recebidos, a partir dos quais serão ponderadas alterações aos documentos colocados em consulta pública".

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Na quinta-feira à noite, em entrevista à SIC, o ministro da Educação, Fernando Alexandre já tinha garantido que as sugestões seriam tidas em conta no processo. "Até ao final do mês será submetida para apreciação do Conselho de Ministros uma Resolução para aprovar a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania" e serão também homologadas as Aprendizagens Essenciais de Cidadania e Desenvolvimento: "Ambos os documentos vão vigorar a partir de setembro, para o ano letivo 2025/2026", acrescenta o MECI esta sexta-feira.

A decisão de rever a disciplina foi anunciada no ano passado pelo primeiro-ministro, que defendeu ser preciso libertar a disciplina de "amarras ideológicas". Poucos dias depois, o ministro Fernando Alexandre explicou que a revisão se inseria num processo mais amplo que incluía todas as disciplinas.

A partir do próximo ano letivo, Cidadania e Desenvolvimento passa a ser regulada por Aprendizagens Essenciais, em linha com uma nova Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, que substitui os atuais documentos orientadores da disciplina.

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Lançada em 2017 pelo ministro socialista Tiago Brandão Rodrigues, a Cidadania e Desenvolvimento funciona como área de trabalho transversal no 1.º ciclo, disciplina no 2.º e 3.º ciclos, e como componente de formação no secundário, cabendo às escolas decidir se é lecionada enquanto disciplina autónoma ou de forma multidisciplinar. Essa organização não será alterada, mas os até agora 17 domínios, alguns obrigatórios e outros facultativos, passam a ser integrados em oito dimensões obrigatórias: Direitos Humanos, Democracia e Instituições Políticas, Desenvolvimento Sustentável, Literacia Financeira e Empreendedorismo, Saúde, Media, Risco e Segurança Rodoviária, e Pluralismo e Diversidade Cultural.

O novo guião da disciplina parece dar menos atenção a temas polémicos como a sexualidade, tratada apenas no contexto da saúde e da violação dos direitos humanos, e maior destaque à literacia financeira ou ao empreendedorismo. Sem quaisquer referências às palavras "sexual" ou "sexualidade", a aparente ausência da Educação Sexual nas novas aprendizagens essenciais foi, desde logo, o tema que mais preocupou associações e especialistas.

O ministro da Educação assegurou que os conteúdos relacionados com a educação sexual não desaparecem dos currículos e, na quinta-feira, afirmou que "se a formação para a educação sexual em Portugal dependesse da disciplina de Cidadania era um desastre".

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