Ministra é "técnica" e "não tem jeito" para criar ambiente negocial, acusa a UGT
A CGTP e a UGT decidiram convocar uma greve geral para 11 de dezembro, em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo.
O secretário-geral da UGT considerou esta quinta-feira, em Lisboa, que a ministra do Trabalho é uma técnica e que "não tem jeito" para criar um ambiente negocial, mas reafirmou a disponibilidade para continuar o debate.
"A senhora ministra [do Trabalho] é uma técnica. Não tem jeito para criar ambiente e clima negocial, mas não é por isso que a UGT não continuar à mesa", afirmou Mário Mourão, que falava aos jornalistas, em Lisboa, à margem do debate "As razões para enfrentar a contrarreforma laboral", promovido pela Associação Causa Pública.
A CGTP e a UGT decidiram convocar uma greve geral para 11 de dezembro, em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo.
Na quarta-feira, a ministra do Trabalho disse, em entrevista à RTP, estar convicta de que a greve geral vai mesmo avançar, mas classificou a paralisação como "inoportuna", sublinhando que deve ser uma solução de último recurso, uma vez que é "um instituto danoso". Para a central sindical, o que está em causa são "situações muito graves", que vão afetar a vida dos trabalhadores e acrescentou que o debate onde está presente constitui uma oportunidade para esclarecer as pessoas que tenham dúvidas entre participar ou não na greve geral.
A UGT referiu que a greve é "uma oportunidade" quando falha o diálogo e espera uma adesão "bastante significativa" para dar força à negociação. Mário Mourão disse ainda que a UGT foi desafiada a continuar a negociar, mas, se falhar o diálogo, pode avançar com novas formas de lutas.
O secretário-geral da UGT considerou, esta quarta-feira, "bastante construtiva" a audiência que decorreu em São Bento com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e a ministra do Trabalho, mas "a greve vai manter-se". Tanto a UGT como o Governo mostraram disponibilidade para "continuar a trabalhar no sentido de encontrar pontos em comum para ver se há ou não margem para um acordo", disse Mário Mourão no final do encontro que durou mais de uma hora.
Após o anúncio da greve geral, o Ministério do Trabalho entregou à UGT uma nova proposta, com algumas alterações ao anteprojeto apresentado em julho, mas que a central sindical disse ser "muito pouco" para desconvocar a paralisação. No documento, o Governo cede em matérias como a simplificação dos despedimentos em médias empresas ou a redução do número de horas de formação obrigatórias nas microempresas, abre a porta à reposição dos três dias de férias ligados à assiduidade abolidos na 'troika', entre outras, mas mantém algumas medidas bastante criticadas pelas centrais sindicais, como o regresso do banco de horas individual ou a revogação da norma que prevê restrições ao 'outsourcing' em caso de despedimento.
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