Obra no São João parada há dois anos
Pais de crianças em tratamento no hospital denunciam condições de terceiro Mundo.
Estas crianças têm que ser protegidas, não precisam de palavras e promessas." A revolta é de Raquel Jesus, mãe de uma menina tratada em instalações "indignas" no Hospital de S. João, Porto - cujo administrador, António Oliveira e Silva, admitiu, na terça-feira, ter condições "miseráveis".
"Se estivesse à frente de uma instituição onde deixo degradar as coisas a tal ponto que eu próprio as classifico de miseráveis, demitia-me. Era o que já devia ter sido feito", diz Pedro Arroja, presidente da Associação Joãozinho, responsável pela construção da ala pediátrica, com recurso a fundos privados e mecenas, cuja obra está parada há dois anos por existir ainda um serviço em funcionamento na frente de obra.
Esta quarta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que "há uma sensibilidade do Governo para enfrentar e desbloquear" o problema no São João. Pedro Arroja aguarda há meses por uma audiência com Marcelo.
"Provavelmente, está à espera que morra alguma criança para depois vir ao Porto dar beijinhos aos pais das vítimas", critica. O responsável da Associação Joãozinho não entende porque razão o Governo pagará a ala pediátrica quando há um projeto à espera.
O Ministério da Saúde remete esclarecimentos para a Administração Regional de Saúde do Norte, que deve emitir hoje um comunicado.
Centeno não revela data para obras
O ministro das Finanças, Mário Centeno, escusou-se ontem a revelar quando serão desbloqueados os 22 milhões de euros para obras no Hospital de São João. No Parlamento, apenas disse que o investimento "vai avançar".
Ratos junto a leite e bactérias à solta
Relatos de ratos na copa onde há alimentos e o leite materno ou adaptado, uma criança de 7 anos internada desde que nasceu e cujos lençóis com vomitado, fezes e urina passam junto a outros utentes, e inúmeras infiltrações são alguns problemas referidos por André Campos, pai de uma menina que esteve um mês e meio internada no Joãozinho. "É inaceitável. Vemos de tudo ali. E ninguém resolve nada", explica ao CM, indignado.
SAIBA MAIS
1105
É o número de camas nas várias especialidades médicas e cirúrgicas do Centro Hospitalar de São João (CHSJ), que conta ainda com 45 berços.
Porto, Maia e Valongo
O CHSJ fica na cidade do Porto e presta assistência à população das freguesias do Bonfim, Paranhos, Campanhã e Aldoar, e aos concelhos da Maia e de Valongo.
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