Ordem dos Médicos Veterinários contra abertura de mestrado integrado nos Açores
Ordem considera que Universidade não reúne condições mínimas de qualidade para ministrar o mestrado em causa e alerta que essa não é solução para a falta de profissionais na região.
A Ordem dos Médicos Veterinários considerou esta sexta-feira que a Universidade dos Açores não reúne condições mínimas de qualidade para ministrar um mestrado integrado de medicina veterinária e alertou que não é solução para a falta de profissionais na região.
"A solução para a escassez de profissionais nos Açores passa pela implementação de medidas de atração e fixação de talento, e não pela criação de um novo curso superior na região", afirmou a Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), em comunicado.
A Universidade dos Açores já leciona os primeiros dois primeiros anos (preparatórios) do curso de medicina veterinária no polo de Angra do Heroísmo.
Em setembro, a reitora da academia açoriana, Susana Mira Leal, disse que o mestrado integrado já tinha sido acreditado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), mas estava dependente da construção de um hospital veterinário em Angra do Heroísmo, dentro de três anos, por isso apelou ao apoio do Governo Regional dos Açores.
A Ordem dos Médicos Veterinários emitiu, no entanto, um "parecer negativo" à criação de um mestrado integrado na Universidade dos Açores, alegando que a instituição não reúne "condições mínimas de qualidade" para ministrá-lo.
"A OMV identificou falhas estruturais críticas na proposta, como a insuficiência de corpo docente e a ausência de um hospital veterinário ou a sua sustentabilidade em caso da construção de um, que comprometeriam a formação dos alunos", apontou.
Segundo a Ordem, Portugal "não tem um défice na formação de médicos veterinários", oferecendo mais de 600 vagas anuais, em oito instituições acreditadas.
No entanto, um estudo do Conselho de Jovens Médicos Veterinários da OMV de 2025 concluiu que "81% dos jovens profissionais já considerou ou considera emigrar, principalmente devido a salários baixos, falta de progressão na carreira e más condições de trabalho".
A OMV acrescentou que "cerca de 25% dos membros da Ordem acabam por deixar o país ou a profissão".
"Investir na abertura de um novo curso, sem resolver os problemas de fundo que levam os profissionais a emigrar, é um contrassenso", defendeu.
Para a Ordem, "a solução para os Açores, para a Madeira ou mesmo o continente está em valorizar a profissão e criar condições atrativas para que os médicos veterinários que já são formados em instituições de qualidade queiram e possam continuar a trabalhar em Portugal".
Para colmatar a falta de médicos veterinários nos Açores, a OMV propõe, em alternativa, que seja criada a Carreira Especial de Médico Veterinário na região, que sejam atribuídas bolsas de estudo com compromisso de permanência e que sejam criados programas de incentivo à contratação no setor privado.
"A instituição de uma carreira com condições salariais e profissionais dignas e atrativas na administração pública regional é o incentivo fundamental para atrair e fixar profissionais altamente qualificados nos Açores", avançou.
Segundo a Ordem, a Região Autónoma dos Açores pode ainda atribuir bolsas de estudo a estudantes açorianos que frequentem cursos de medicina veterinária noutras partes do país, com um compromisso contratual de os alunos regressarem à região para exercer a profissão por um período mínimo definido.
Outra das propostas da OMV é a criação de programas de apoio à contratação no setor privado, que poderiam "incluir incentivos fiscais ou subsidiação direta para ajudar as empresas locais a contratar e a reter médicos veterinários, melhorando as suas condições contratuais".
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