Papa Francisco escreve carta e diz que "neste momento de doença, a guerra parece ainda mais absurda”

Sumo Pontífice apela a "sangue novo" e "credibilidade" por parte das organizações internacionais.

18 de março de 2025 às 08:52
Papa Francisco Foto: Holy See Press Office/via REUTERS
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O Papa Francisco enviou uma carta ao jornal italiano Corriere della Sera onde refere que, "neste momento de doença", a guerra lhe parece "ainda mais absurda".

A carta datada de 14 de março, surge em resposta ao chefe de redação do jornal italiano que questionou o Sumo Pontífice sofre se gostaria de intervir "num momento tão grave e delicado, mas também importante, para a comunidade internacional", indica o jornal. Na carta, o Papa reflete sobre a fragilidade humana e apela a "sangue novo" e "credibilidade" por parte das organizações internacionais.

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Leia a carta do Papa Francisco na íntegra:

Caro Diretor,

Gostaria de vos agradecer as palavras de proximidade com que quiseram estar presentes neste momento de doença em que, como já disse, a guerra parece ainda mais absurda. A fragilidade humana, de facto, tem o poder de nos tornar mais claros sobre o que dura e o que passa, sobre o que nos faz viver e o que mata. Talvez seja por isso que tantas vezes tendemos a negar limites e a evitar pessoas frágeis e feridas: elas têm o poder de questionar a direção que escolhemos, como indivíduos e como comunidade.

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Gostaria de vos encorajar, a vós e a todos aqueles que dedicam o seu trabalho e a sua inteligência a informar, através de instrumentos de comunicação que hoje unem o nosso mundo em tempo real: sintam a importância das palavras. Elas nunca são apenas palavras: são actos que constroem ambientes humanos. Podem ligar ou dividir, servir a verdade ou servir-se dela. Temos de desarmar as palavras, para desarmar as mentes e desarmar a Terra. Há uma grande necessidade de reflexão, de calma, de um sentido de complexidade.

Enquanto a guerra apenas devasta as comunidades e o ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos, a diplomacia e as organizações internacionais precisam de sangue novo e de credibilidade. Por outro lado, as religiões podem aproveitar a espiritualidade dos povos para reavivar o desejo de fraternidade e de justiça, a esperança de paz.

Tudo isto exige empenhamento, trabalho, silêncio, palavras. Sintamo-nos unidos neste esforço, que a Graça celeste não deixará de inspirar e acompanhar.

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