Paragem de produção na Autoeuropa já provocou centenas de despedimentos no parque industrial

Comissões de Trabalhadores falam em 291 despedimentos, mas sindicato diz que já são 560.

08 de setembro de 2023 às 19:36
Autoeuropa Foto: João Cortesão
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As Comissões de Trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa revelaram esta sexta-feira que a paragem de produção na fábrica da Volkswagen em Palmela já levou ao despedimento de 291 trabalhadores, mas o sindicato SITE-Sul diz que já são 560 despedimentos.

Segundo o coordenador das Comissões de Trabalhadores (CT) do parque industrial, Daniel Bernardino, as empresas do parque já confirmaram o despedimento de 191 trabalhadores precários, que se juntam aos 100 trabalhadores que a Autoeuropa também dispensou, embora estes últimos com a garantia de regressarem logo que seja retomada a produção.

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De acordo com os dados disponíveis na Coordenadora das CT , além dos 100 trabalhadores precários dispensados pela Autoeuropa, também há despedimento de trabalhadores temporários ou contratados a termo nas empresas Benteler (40), Faurecia (3), KWD (28), Palmetal (20), SAS (40), Simoldes (20) e VANPRO (40), o que perfaz, assim, um total de 291 despedimentos.

A Coordenadora das CT do parque industrial admite também que o número de despedimentos de trabalhadores precários poderá aumentar de forma significativa uma vez que ainda não há dados disponíveis por parte de empresas como a Rangel, Isporeco, Nova Coat e Schnellecke, bem como de outras de menor dimensão.

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Em comunicado divulgado esta sexta-feira, o SITE-Sul, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, garante, no entanto, que já perderam o emprego 560 trabalhadores do parque industrial e que muitos deles vão ficar sem qualquer rendimento mensal.

"Do levantamento que o SITE-Sul fez até ao momento, 560 trabalhadores já perderam o seu emprego e a grande maioria deles nem ao subsídio desemprego têm direito, ficando sem qualquer rendimento mensal", refere o comunicado desta estrutura sindical, adiantando que "muitos mais trabalhadores vão perder o emprego até ao início da próxima semana, uma vez que ainda há empresas que estão a negociar com os representantes dos trabalhadores".

No comunicado o SITE-Sul critica também a alegada "intransigência das administrações da Volkswagen Autoeuropa e de algumas empresas fornecedoras", por não garantirem o pagamento de salários na totalidade durante a paragem de produção.

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O sindicato defende ainda que a atual situação se deve a "erros de gestão do Grupo Volkswagen", por estar dependente de um único fornecedor e pela utilização do sistema Just In Time, em que a entrega de componentes para produção é feita pelos fornecedores na hora exata, dispensando a necessidade de uma grande capacidade de armazenamento na fábrica.

A Autoeuropa inicia segunda-feira uma paragem de produção de nove semanas, de 11 de setembro a 12 de novembro, devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi severamente afetado pelas cheias que ocorreram no início do mês de agosto naquele país.

A administração da fábrica de automóveis do grupo Volkswagen, em Palmela, no distrito de Setúbal, tal como outras empresas do parque industrial, decidiu recorrer ao `lay-off´

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A empresa chegou, entretanto, a acordo com os trabalhadores e vai garantir o pagamento de 95% dos salários durante a paragem de produção, mas no parque industrial há empresas que vão aplicar cortes salariais de 5%, 10% e 33%. Entre as 19 empresas do parque industrial da Autoeuropa, de acordo com a Coordenadora das CT, só a Faurecia deverá manter o pagamento de salários na totalidade, uma vez que a empresa é fornecedora de outras marcas de automóveis e não apenas da Volkswagen.

O 'lay-off' é uma medida que prevê a redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão temporária dos contratos de trabalho, devido a motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos, incluindo catástrofes ou outras ocorrências que tenham afetado gravemente a atividade normal da empresa, desde que tais medidas se mostrem indispensáveis para assegurar a viabilidade económica dessa empresa e a manutenção dos postos de trabalho.

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