Pode um Jesus de Inteligência Artificial confessar pessoas? Projeto inovador gera polémica

Instalação disponível para os fiéis em Lucerne. Apesar de não procurar substituir os padres, tem sido criticada.

23 de novembro de 2024 às 10:24
Jesus de Inteligência Artificial
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Nos últimos tempos, com o progresso da Inteligência Artificial (IA), muitas são as novas ferramentas (algumas úteis outras não tanto), que têm nascido da criatividade dos mais dotados com a tecnologia.

Entre todas as surpreendentes apostas dos peritos, há uma nova celestial que gerou polémica entre alguns católicos: um Jesus de Inteligência Artificial num confessionário.

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Instalação inovadora em Lucerne levanta dúvidas

A capela de São Pedro, na pitoresca cidade suíça de Lucerne, instalou um "projeto inovador que usa personagens virtuais baseadas em inteligência artificial num contexto espiritual", numa colaboração com a Universidade de Artes e Ciências Aplicadas de Lucerne.

O programa de IA foi formatado com conhecimentos do Novo Testamento, com o objetivo de permitir ao avatar de Jesus responder a questões sobre a Bíblia a pessoas que se dirigissem ao confessionário.

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O projeto chamado "Deus in Machina" (Deus na máquina) tem como objetivo "encorajar o pensamento sobre os limites da tecnologia em contextos religiosos". A instalação artística ficará na capela durante dois meses.

No entanto, a escolha de 'guardar' o ecrã, onde aparece este Jesus, dentro de um confessionário, levantou algumas críticas e gerou notícias falsas amplamente propagadas em jornais de todo o mundo.

Pode este Jesus confessar?

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É neste ponto que surge a polémica entre os católicos. A possibilidade de uma ferramenta de IA confessar pessoas (em vez de um padre) levantou questões, que não passaram de um mal-entendido.

Apesar das notícias falarem num "Jesus que confessava", a descrição da experiência é explícita: "Os visitantes partilham pensamentos e perguntas num confessionário com holograma celestial - mas sem confissão".

A confissão é um dos sete sacramentos da Igreja, pode apenas ser ouvida por um Padre ou um bispo e nunca através de dispositivos tecnológicos.

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Um teólogo da paróquia suíça admitiu que vê na IA potencial para ajudar os padres, uma vez que está disponível "24 horas por dia", disse à Deutsche Weele.

Devemos ter cuidado no que toca à fé. É uma área na qual nós humanos somos vastamente superiores às máquinas, devemos ser nós a fazê-lo
Peter Kirchschläger, perito em Ética Teológica

Em resposta às declarações do teólogo previamente citado

A verdade é que o Jesus de IA existe, mas pretende apenas ajudar os fiéis, sem se substituir a um padre, muito menos no momento da confissão. O próprio Vaticano tem procurado uma forma de retirar benefício da utilização das novas tecnologias, em prol dos ideais católicos.

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