Seca extrema dispara preço da eletricidade
Queda para metade na produção das barragens obrigou a maior dependência do gás natural e do carvão.
A seca severa que atinge o País agravou os custos no mercado grossista da eletricidade na ordem dos 672 milhões de euros. Perante a redução do volume de armazenamento das barragens e consequente menor produção de energia, houve necessidade de recorrer a uma maior produção a partir do gás natural e do carvão. Uma alteração que influenciou o aumento do preço do megawatt-hora (MWh).
Nos primeiros oito meses deste ano "verificou-se um preço médio do mercado de 50,46 €/MWh, um valor 55% superior ao período homólogo de 2016 (32,46 €/MWh)", divulgou a Associação das Energias Renováveis (APREN).
Ao preço de mercado de 50,46 €/MWh, os 37 351 Gigawatt-hora (GWh) produzidos nos primeiros oito meses do ano valeram 1884 milhões de euros. Um valor superior em 672 milhões de euros aos 1212 milhões que seriam de esperar, caso o MWh fosse pago ao mesmo preço médio dos primeiros oito meses de 2016, quando foi fixado nos 32,46 euros.
O preço mais baixo verificado em 2016 ocorreu num período em que a eletricidade obtida a partir das energias renováveis representou 64% do total.
Bem diferente é a realidade dos primeiros oito meses deste ano, nos quais a produção a partir das energias hídrica, eólica, solar e da bioenergia ficou pelos 43%. A maior queda foi observada na eletricidade obtida a partir das barragens. Entre janeiro e agosto de 2016, valia 36% do total e em igual período deste ano não ultrapassou os 15%. A produção da eletricidade a partir da energia eólica é agora a mais representativa no setor das renováveis, com 21%.
Também a procura de gás natural para a produção de eletricidade tem estado em destaque durante este ano. O uso deste combustível teve um crescimento de 344% em agosto e foi responsável por 42% da eletricidade produzida nesse mês.
Zero classifica subida de poluição como "dramática"
A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável defende que a maior produção de eletricidade a partir de carvão e gás natural teve "consequências em termos de emissões de gases de efeito de estufa verdadeiramente dramáticas". A Zero quantificou as emissões associadas à eletricidade entre janeiro e setembro de 2017 em 24 milhões de toneladas de dióxido de carbono, mais 5,7 milhões de toneladas face a 2016.
Exportações rendem 249 milhões de euros desde início do ano
A maior produção de eletricidade a partir de carvão e gás natural visa também responder à procura externa. Os dados da REN - Redes Energéticas Nacionais revelam que entre janeiro e setembro foram exportados 4986 GWh, valor que representa 249 milhões de euros. As importações foram de 1793 GWh (89 milhões de euros). A procura é explicada pela seca que atinge todo o Sul da Europa e pela redução da produção de energia nuclear em França.
Aguaceiros fracos para 17
As previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera apontam para a ocorrência de aguaceiros fracos no litoral a norte de Lisboa no dia 17.
Custos da seca em 2015
O ano de 2015 foi também marcado pela seca, com um acréscimo nos custos de aquisição de eletricidade de 470 milhões de euros entre janeiro e agosto.
Carvão mais poluente
As centrais a carvão, por cada quilowatt-hora de eletricidade, emitem 2,5 vezes mais dióxido de carbono que as centrais de ciclo combinado a gás natural.
23 albufeiras a 40%
A Agência Portuguesa do Ambiente revelou que no final de setembro das 60 albufeiras monitorizadas, 23 estavam abaixo dos 40% no volume de água.
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