TAP paga 10 mil euros por perder duas malas
Casal ficou sem a bagagem e medicamentos quando seguia para cruzeiro nas Caraíbas.
Quando, em 2015, o casal agendou o cruzeiro de sete dias pelas ilhas das Caraíbas estava longe de imaginar que a viagem os levaria a uma luta nos tribunais contra a TAP, que se arrastou até agora. Maria e José perderam a bagagem e o voo de ligação para os Estados Unidos, de onde partia o navio, e viram agora o Tribunal da Relação de Lisboa decidir que a companhia aérea tem de os indemnizar em 10 mil euros. A primeira decisão, do Tribunal de Instância Local, previa o pagamento de apenas 2820 euros.
O casal tinha previsto viajar do Porto para Lisboa e daí para Miami, nos Estados Unidos, no mesmo dia e sempre através da TAP. Mas a ligação entre o Porto e Lisboa atrasou-se e, quando chegaram à capital, já não conseguiram embarcar no outro avião, "apesar de este ainda se encontrar na pista".
Para não perderem o cruzeiro, aceitaram a alternativa que lhes foi proposta pela companhia aérea: viajar para Madrid, em Espanha, de onde seguiriam no dia seguinte para Miami.
Mas, chegados, à capital espanhola, sofreram outro revés. "Procuraram as respetivas malas e não as encontraram", lê-se no acórdão de 17 de outubro. E não se tratava apenas de roupa e produtos de higiene. Nas malas seguiam os medicamentos de Maria, "que esta toma diariamente por ser hipertensa e diabética e por sofrer da doença de Parkinson".
No dia seguinte, acabariam por seguir para os Estados Unidos, onde embarcaram no cruzeiro, sem que a bagagem fosse encontrada. Sete dias em que usaram "vestuário e calçado de inferior quantidade e qualidade", que foram "obrigados" a comprar, fazendo com que "se sentissem envergonhados e inferiores relativamente aos demais passageiros". Após o cruzeiro, quando ainda se encontravam em Miami, foram informados de que as malas tinham aparecido. Encontraram-nas no aeroporto, "encostadas a uma parede".
Companhia agiu como "comerciante de má-fé" no caso
O acórdão está repleto de críticas à forma como a TAP atuou neste caso. "Sendo estranha a atitude da TAP [...], que em vez de tudo fazer para solucionar o problema que tinha causado aos nossos compatriotas [...], antes tivesse agido como um comerciante de má-fé preocupado em eximir-se às suas responsabilidades", "inclusive sacudindo a água do capote para uma qualquer agência de viagens".
Mulher teve de ser assistida por um médico no aeroporto
A mulher - que sofre da doença de Parkinson, hipertensão e diabetes - "começou a sentir-se mal, trémula e com sensação de desmaio" no aeroporto de Madrid, quando se viu sem a bagagem. Foi vista por um médico, que lhe pediu um documento que certificasse as doenças de que dizia padecer.
Acabou por ter de ligar à filha, que é médica e que conseguiu contactar o clínico que segue a mãe, para que este falasse com o colega espanhol e a mulher fosse tratada.
Pormenores
TAP aponta agência
A companhia aérea portuguesa defendeu-se, referindo que a viagem foi adquirida através de uma agência. "Deveriam os autores ter demandado a agência de viagens e não a ora ré", alegou a TAP. O coletivo de juízes afirma que "não foi isso que se apurou".
Empresa não comenta
Contactada pelo CM, fonte do gabinete de comunicação da TAP disse que a empresa não fará nenhum comentário sobre o acórdão.
Dano moral superior
A indemnização de 10 mil euros será repartida da seguinte forma pelo casal: Maria recebe 5500 euros e o marido, José, os restantes 4500 euros. A mulher "sofreu um dano moral superior" por se ter sentido mal e ter sido assistida.
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