Turismo no norte com expectativas elevadas para Páscoa apesar da guerra na Ucrânia
Portugal "é o país europeu mais afastado do conflito. Isto pode de facto fazer a diferença." afirma o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Apesar da guerra na Ucrânia, o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) tem "expectativas elevadas" para a Páscoa 2022, principalmente por causa da "localização geográfica" do país, que é visto como "seguro".
Em entrevista telefónica à Lusa, à margem da presença da TPNP na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), Luís Pedro Martins diz que a expectativa para o período da Páscoa é "elevada", principalmente por causa da "localização geográfica" de Portugal e por ser um "país seguro".
"É o país europeu mais afastado do conflito. Isto pode de facto fazer a diferença. Depois, é visto no mercado internacional como um país pacífico, seguro, um país que tem sido solidário, inclusivamente com esta guerra [na Ucrânia]", explicou.
Segundo o presidente da TPNP, as reservas este ano para o período da Páscoa estão a ser "incomparavelmente" melhores do que as da Páscoa de 2021.
"As expectativas são elevadas. Temos bons indicadores. Temos vindo a crescer desde janeiro, fevereiro, março. Neste momento há já muitas reservas feitas para a Páscoa. Não posso dizer ainda qual é a percentagem, mas é incomparavelmente melhor do que a Páscoa do ano passado [2021]", disse.
O facto de a esmagadora maioria dos mercados emissores para a região Norte de Portugal -- Estados Unidos da América, Brasil, Espanha, França ou mesmo o Canadá, e alguns países da Ásia que estavam a crescer em 2019 -- se encontrar mais afastado do conflito é outra vantagem, assume Luís Pedro Martins.
A região pode também beneficiar pelo facto de alguns destinos concorrentes de Portugal, como a Croácia, Estónia e Eslováquia, virem a perder turistas devido à proximidade do conflito da Rússia na Ucrânia.
Luís Pedro Martins destacou ainda que a TPNP acredita que 2022 pode vir a ser um ano "muito interessante" para a captação do mercado do Reino Unido.
"Já estamos a registar isso nas reservas. As nossas unidades hoteleiras têm manifestado que estão a ter muitas reservas por parte do mercado do UK [Reino Unido]. E nós também temos feito um esforço, por um lado, de promoção externa muito ativa do Turismo de Portugal no Reino Unido", explicou.
Por outro lado, o facto da companhia aérea British Airways estar a "investir, como nunca, no Aeroporto do Porto" e do Norte traz também "boas perspetivas" para a região, acrescenta, referindo que o mercado do Reino Unido poderá ajudar a "atenuar a quebra" que possa registar-se no mercado alemão.
O mercado alemão é "muito forte na região do Porto e Norte", é "o 4.º mercado emissor, e as notícias não são favoráveis para que a opinião pública alemã tenha neste momento vontade de estar a organizar férias", disse o presidente da TPNP.
"O que a guerra nos obrigou foi a mudar um pouco de estratégia em termos de promoção externa - dirigimo-nos agora mais para os mercados que estão mais afastados do conflito -, e encontrar no mercado do UK uma grande oportunidade para subir no 'ranking' de mercados emissores para a região", explicou.
Segundo o responsável, neste momento o Reino Unido é o 5.º mercado emissor para o Norte de Portugal.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia.
Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou, até à data, pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos entre a população civil, incluindo várias dezenas de crianças, na sequência da ofensiva militar russa.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram à Rússia sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
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