Web Summit volta a centrar-se na hotelaria de Lisboa a preços altos mas menos dias

A Web Summit volta a impulsionar o setor hoteleiro em Lisboa, com boas taxas de ocupação, a preços altos, mas com a procura mais concentrada só nos dias do evento, que decorre entre segunda e quinta-feira.

Apesar de o sentimento acerca dos efeitos do evento no setor não ser unânime, em comum entre representantes da hotelaria está a convicção que os hotéis da cidade são os que ganham com o evento.

A Web Summit arranca em Lisboa na segunda-feira, com mais de 900 oradores e 70.000 participantes, de acordo com dados da organização, numa iniciativa onde a inteligência artificial (IA) continua em destaque.

Questionada pela Lusa, a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, disse que, como em edições anteriores, "a grande maioria dos participantes da Web Summit concentra-se em Lisboa, as zonas limítrofes registam apenas efeitos residuais".

Sem avançar ainda dados concretos para este ano, a responsável lembrou que o inquérito "Balanço da Web Summit 2024", realizado pela AHP, indicou que a taxa média de ocupação na hotelaria lisboeta durante a semana do evento no ano passado fixou-se nos 88%, um ponto percentual acima de 2023.

"Apesar de uma ligeira moderação na procura, a cidade manteve uma 'performance' sólida durante o maior evento tecnológico da Europa", lembrou.

Moderação que o Grupo Hoti, que detém vários hotéis em Lisboa, diz sentir este ano em termos do número de dias que os participantes ficam.

"A ocupação das unidades em Lisboa para o período da Web Summit é bastante alta, mas com uma incidência cada vez mais limitada às datas do evento, tendo vindo a perder força nos dias anteriores e posteriores. Apesar das ocupações se manterem na procura máxima nos quatro dias do evento, nos 10 dias totais tradicionalmente impulsionados pela existência do evento, podemos afirmar que as ocupações médias enfraqueceram este ano em cerca de 15%", afirmou o presidente executivo (CEO), Miguel Proença, à Lusa.

Sem indicação de dias, mas "praticamente a 100%" está a ocupação no Grupo Vila Galé em Lisboa, disse o diretor de Marketing e Vendas, Pedro Ribeiro, à Lusa.

No Ópera, a ocupação cresceu "5%", face a 2024, acrescentou.

Quando questionados, os responsáveis reconhecem que a Web Summit impulsiona o preço médio dos quartos, embora o Grupo Hoti aponte que os sinais do arrefecimento da procura fora dos dias principais do evento moderam o impacto global.

Miguel Proença disse que "a existência do evento impulsiona naturalmente o preço médio nos hotéis da cidade", mas sublinhou que "na globalidade dos 10 dias tradicionalmente impactados pelo evento, os valores médios rondavam os 150 euros nos últimos dois anos e a referida perda de força nos dias adjacentes traz consigo uma expetativa de quebra de cerca de 20%".

Pedro Ribeiro apontou um aumento das tarifas no Vila Galé Ópera "de 5% em relação a 2024".

A AHP recordou apenas que em 2024 o preço médio por quarto (ARR) alcançou os 221 euros, uma subida de 4% face ao ano anterior, remetendo o balanço de 2025 para depois do encerramento do evento.

No que diz respeito ao perfil dos hóspedes por estes dias, nota-se uma forte presença internacional, especialmente europeia, e predomínio de profissionais ligados à tecnologia e negócios.

A responsável da principal associação que representa o setor mencionou a prevalência, tradicionalmente, de profissionais do Reino Unido, Portugal, Espanha e o crescimento nos últimos anos dos EUA.

Um perfil que "tem-se mantido consistente nas últimas edições do evento", recordou Cristina Siza Vieira.

No entanto, Miguel Proença referiu que - ainda que a fazerem-se notar - os EUA deram uma "menor resposta este ano". Destacam-se nesta cadeia, com mais força, Irlanda, França, Reino Unido, Brasil, Índia e Canadá.

O Vila Galé, sem especificar, apontou os hóspedes dos mercados europeus e brasileiro.

A Lusa questionou vários grupos e unidades hoteleiras, mas não foi possível obter mais respostas em tempo útil.