Associações reclamam mais informação sobre investimento em espécies autóctones
Associações chamam também a atenção para o "investimento insuficiente na gestão de combustível", que persiste e "ameaça a sustentabilidade da floresta".
A associação ambientalista ZERO e o Centro Pinus alertaram este domingo que continua a não existir informação pública relativa ao investimento nas espécies autóctones em Portugal.
Num comunicado a propósito do Dia da Floresta Autóctone, que este domingo se assinala, a ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável e o Centro Pinus -- Associação para a Valorização da Floresta de Pinho, chamam também a atenção para o "investimento insuficiente na gestão de combustível", que persiste e "ameaça a sustentabilidade da floresta".
As duas entidades divulgam também o Barómetro de Investimento Florestal 2025, que revela uma "evolução positiva na execução das políticas florestais", com o sinal positivo a ir para a "diversificação de espécies" e o negativo a residir na "ausência de dados de investimento por espécie".
O barómetro é um índice numérico que permite aferir a evolução anual da execução da política florestal, tendo um valor de 0 a 1, em que 1 significa a plena execução da meta política definida.
É composto por quatro indicadores, com a mesma ponderação no barómetro: Investimento público em floresta, investimento público em gestão de combustível, tendência de perda de área florestal e tendência de diversificação da composição da floresta.
Este ano apresenta um valor de 0,45, "ainda é distante do valor de 1, em que a execução das metas de política florestal é plenamente alcançada. No entanto, face às edições anteriores houve uma evolução positiva", ressalvam as duas associações que, desde 2023 atualizam os valores do barómetro.
Segundo a informação este domingo divulgada pela ZERO e pelo Centro Pinus, "a diversificação da composição de floresta é o indicador mais próximo da meta definida no roteiro nacional para a neutralidade carbónica, sendo que da meta anual de 6.020 hectares foram alcançados 5.214 hectares. A rearborização com pinheiro-bravo teve uma evolução positiva, com 5.214 hectares, ainda que aquém da necessidade estimada em 8.143 hectares".
"Apesar da evolução positiva na execução da principal fonte de financiamento público - o Plano de Desenvolvimento Rural 2020 (PDR2020), com uma taxa de execução ponderada de 66% -, a proximidade do final do quadro deveria revelar uma evolução superior", sublinham.
Segundo o comunicado este domingo divulgado, "foram realizados investimentos em gestão da regeneração natural de pinheiro-bravo financiados pelo PDR2020, pelo programa de beneficiação de pinhais para resinagem ou pelo projeto-piloto 'Vales Floresta'. No entanto, subsiste uma lacuna significativa: a inexistência de relatórios públicos com monitorização do investimento por espécie, facto que impede a avaliação rigorosa dos progressos e que compromete a transparência das políticas públicas".
"Esta limitação foi tida em conta no barómetro, refletindo a ausência de dados como um alerta para a necessidade urgente de criar mecanismos de reporte mais eficazes, que permitam monitorizar de forma desagregada os impactos dos investimentos florestais", acrescenta.
A ZERO e o Centro PINUS consideram ainda que o recém-aprovado Plano de Intervenção na Floresta 2025-2050 (PIF) "representa uma oportunidade estratégica para mudar este cenário".
"A execução deste ambicioso plano é uma oportunidade para mudar o paradigma na monitorização da política florestal", frisam, acrescentando que a atualização anual do barómetro tem o objetivo de "impulsionar o alinhamento do investimento florestal com a profunda transformação que a floresta nacional exige".
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt