Orlando Alves e David Teixeira, respetivamente ex-presidente e ex-vice-presidente, foram detidos no dia 27 de outubro.
A nova presidente da Câmara de Montalegre, Fátima Fernandes, iniciou esta quinta-feira funções, uma semana depois da detenção e renúncia de Orlando Alves, para dar "a cara" pelo projeto sufragado em 2021 e cujo mandato só termina em 2025.
Professora de profissão, Fátima Fernandes tem 57 anos, está no executivo municipal de Montalegre desde 2005, eleita pelas listas do PS, e torna-se, agora, na primeira mulher presidente desta autarquia do distrito de Vila Real.
Orlando Alves e David Teixeira, respetivamente ex-presidente e ex-vice-presidente, foram detidos no dia 27 de outubro, conjuntamente com o chefe da divisão de obras, no âmbito da operação "Alquimia" desencadeada pela (PJ). Um dia depois os autarcas socialistas renunciaram ao mandato.
"Começo hoje como presidente da câmara, com muito orgulho", afirmou Fátima Fernandes aos jornalistas, após reunião do executivo municipal.
Quanto à investigação e detenção dos ex-presidente e ex-vice-presidente, a autarca apenas disse que Portugal é "um estado de direito democrático" que tem como "pilar fundamental a justiça".
"Portanto nós não confundimos as coisas, não nos imiscuímos naquilo que não temos de nos imiscuir, nem admitimos essa ingerência sequer. Portanto à justiça o que é da justiça, à gestão autárquica o que é da gestão autárquica. Aguardamos com serenidade todos os procedimentos que vêm na certeza de que, porém, que estamos aqui para servir", afirmou.
Ao "burburinho" à volta do caso, Fátima Fernandes quer responder "com trabalho".
"O respeito que nós temos que ter pela democracia e pela justiça passa também pelo respeito que temos que ter por aquele princípio que é básico que é o direito à presunção da inocência. Aguardamos com serenidade porque a justiça dirá aquilo que tem a dizer", sublinhou.
Fátima Fernandes salientou que o mandato deste executivo termina em 2025 e frisou que os "mandatos autárquicos têm continuidade" e "não se esgotam quando sai um ou outro".
"Damos a cara por esse projeto que foi sufragado (2021) na certeza de que iremos fazer o melhor pelos nossos munícipes, pelo Barroso, pelo desenvolvimento e defesa da nossa terra. Foi para isso que fomos eleitos", salientou.
O novo executivo municipal tem como vice-presidente Ana Isabel Dias, até agora vereadora sem pelouros, enquanto Jorge Fidalgo e Manuel António Fernandes assumem o lugar de vereadores. Nas eleições autárquicas de 2021 o PS conquistou quatro mandatos e o PSD três.
"Estão reunidas as condições para a câmara funcionar com toda a normalidade (...) Esta é a minha equipa, não foi escolhida à sorte, foi escolhida respeitando a paridade e atendendo essencialmente à sua competência, à sua representatividade social e à sua vontade de fazer e de trabalhar", salientou a nova presidente.
Fátima Fernandes anunciou uma reunião de câmara extraordinária para a próxima semana, na qual será anunciada a distribuição de competências e de pelouros.
O vereador da oposição eleito pela coligação "Todos Por Barroso" (PSD/CDS-PP), José Moura Rodrigues, insistiu hoje na realização de eleições intercalares.
"A legitimidade democrática deste executivo está ferida porque as pessoas não votaram na professora Fátima Fernandes, votaram no professor Orlando e no doutor David Teixeira. As pessoas não sabem o que a professora Fátima Fernandes pensa, por exemplo, sobre mineração, que foi talvez o assunto mais polémico que foi discutido nas últimas eleições autarquias", salientou.
O vereador social-democrata lembrou que a nova presidente exerce funções autárquicas há 17 anos e, por isso, defendeu que tem que responder "se sabia ou se não sabia de nada".
"Se não sabia de nada é muito estranho, se sabia é muito grave porque nunca se demarcou de nada", afirmou José Moura Rodrigues, que frisou que o novo executivo inicia funções "num ambiente de suspeição" e que era "preciso mudar de página".
A presidente argumentou que todos os que assumem agora funções foram eleitos em 2021, têm "legitimidade conferida pela lei " e, por isso, não vê razões para haver eleições intercalares.
Durante a operação da PJ, foram detidos os autarcas e o chefe da divisão de obras do município, estando indiciados pelos crimes de associação criminosa, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documentos, abuso de poder e participação económica em negócio.
A PJ explicou que a investigação versa sobre "um volume global de procedimentos de contratação pública, no período de 2014 a 2022, suspeitos de viciação para benefício de determinados operadores económicos, num valor que ascende a 20 milhões de euros".
Depois de ouvidos no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, Orlando Alves ficou em prisão preventiva, uma medida de coação que deverá passar para prisão domiciliária, David Teixeira e o funcionário tiveram de pagar caução e ficam obrigados a não permanecer no concelho de Montalegre sem autorização.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.