A edição de hoje
Falta de resposta do SNS no tratamento da obesidade. Venda de medicamentos dispara.
Há portugueses com obesidade que morreram antes de conseguirem a primeira consulta para tratamento da doença. O tempo de espera pode varia entre 2 e 4 anos, dependendo do hospital, e há casos de doentes que morreram, devido a complicações como diabetes, apneia do sono ou doenças cardiovasculares, alertou ontem Carlos Oliveira, presidente da Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal. "As pessoas, infelizmente, só procuram ajuda quando já têm problemas complicados", explicou. Enquanto esperam pela consulta, os obesos recorrem frequentemente às urgências, pelo que, defendeu, se fossem tratados atempadamente, podiam ser evitados muitos episódios de urgência.
A luta contra a obesidade, cujo dia nacional se assinala hoje, leva também cada vez mais portugueses a comprar medicamentos para tratar a doença. Nos primeiros quatro meses do ano foram vendidas mais de 111 mil embalagens, quase tanto como em todo o ano passado. Segundo dados da Associação Nacional de Farmácias, citados pela Lusa, as vendas de medicamentos para a obesidade - não são comparticipados e podem custar até 245 euros por mês - quase duplicaram em cinco anos, de 45790 embalagens em 2019 para 119588 em 2024. Para lá dos medicamentos, há pessoas que seguem dicas de influenciadores nas redes sociais para perder peso, como planos alimentares, treinos intensivos e promessas de emagrecimento rápido. "Na grande maioria, é uma grande charlatanice. As pessoas embarcam em aventuras que, às vezes, são bastante dispendiosas e esquecem-se de um princípio básico, que é o organismo da pessoa que tem obesidade", alerta José Silva Nunes, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade.
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