Não é certo que D. Maria Pia tenha chegado a encomendar 20 vestidos em Paris para a mesma cerimónia e podem ser exagerados os rumores sobre a rainha que, habituada ao luxo da corte italiana, mudava três vezes de roupa na mesma festa, a monarca excêntrica que ia deixando beatas pelo chão enquanto passeava pelo palácio a fumar charutos – com um criado por perto com medo que os tapetes e sofás do Paço da Ajuda pegassem fogo.
Mas, no dia em que casou o filho mais velho, "os limites foram excedidos", descreve o livro As Amantes dos Reis de Portugal, de Ana Cristina Pereira e Paula Lourenço, "a ponto de (...) marcar a hora certa em que o sol incidia no vitral da Igreja de São Domingos para que o seu vestido parecesse ainda mais luminoso e as cores fossem acentuadas." Quem quer rainhas, paga-as, costumava dizer Maria Pia de Saboia.