Advogada com cancro e filho de seis meses morreu sem apoios
Fez descontos, continuou a trabalhar debilitada, mas não teve direito a assistência ao filho bebé.
Rogério Chambel
29 de Março de 2023 às 01:30
Joana Canas Varandas foi mãe no ano passado, quando soube que sofria de uma doença oncológica grave. Debilitada, continuou a trabalhar como advogada. Nunca beneficiou de qualquer apoio à doença, nem por parte do Estado nem da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores, para a qual fez descontos. Morreu nesta segunda-feira, aos 39 anos. Deixa um filho de seis meses.
Natural de Águeda, e com escritório na Comarca de Aveiro, Joana lamentava a falta de apoio à doença. “O crescimento do meu filho vale muito mais do que um recurso ou uma queixa no Conselho Superior de Magistratura”, desabafou.
Na sua página do Facebook, a bastonária da Ordem dos Advogados lamentou o falecimento da colega, que morreu “sem qualquer apoio institucional e do Estado e sem que a Justiça pudesse ‘parar’ para a conseguir ajudar”. “É uma realidade medieval”, diz Fernanda de Almeida Pinheiro. Recorde-se que, enquanto candidata à OA, Fernanda de Almeida Pinheiro propôs a realização de um referendo sobre o caráter exclusivo da CPAS (não assegura, por exemplo, direitos assistenciais aos beneficiários). “É ao Estado que compete fazer cumprir a Constituição. Não pode continuar a fazer de conta que nada tem a ver com o que se passa com cerca de 40 mil profissionais que são seres humanos como os demais”.
Veja aqui o esclarecimento da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores
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