Média de 13 acidentes de trabalho por dia. Há casos de Hepatite B e Sida. Na última década quase duplicaram os acidentes com os profissionais. Em 2007 houve 5063 incidentes que levaram à perda de 52 mil dias de trabalho.
Os enfermeiros são as maiores vítimas de acidentes de trabalho no sector da Saúde e a principal acção causadora de acidente é a picada de agulha. Há dois anos, 1991 profissionais foram picados. Estas são as conclusões do último Relatório de Acidentes de Trabalho, do Ministério da Saúde.
O documento revela que, em 2007, registaram-se 5063 acidentes de trabalho, o que dá uma média de 13 acidentes por dia, dos quais 1632 foram picadas de agulha. Perderam-se, nesse ano, um total de 52 702 dias de trabalho devido a ausência por doença.
Há casos de enfermeiros que foram contaminados pelos vírus da sida ou da hepatite B após a picada de agulha ou corte com ferramenta ou utensílio e posterior contacto directo com um doente.
Segundo o relatório, os hospitais foram as unidades com maior número de acidentes de trabalho (4593), em especial nos internamentos e nos Serviços de Urgência.
O número de acidentes de trabalho nos hospitais e centros de saúde quase duplicou na última década, registando-se 3042 acidentes em 1997, enquanto em 2007 esse número atingiu os 5063.
No total, o mês de Março é o que regista maior número de acidentes (463), sendo o dia da semana mais atingido a segunda--feira (925) e o período horário mais afectado o das 08h00 às 12h00 (1734).
Guadalupe Simões, vice-coordenadora nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) afirmou ao CM que este tipo de acidentes só tenderá a aumentar.
'As picadas ocorrem não por descuido, mas por falta de recursos. O ministério tenta manter a qualidade dos cuidados com menos custos e não admite mais profissionais, mais enfermeiros, obrigando a mais horas e sujeitando o profissional e o doente a um maior risco de acidente.'
Segundo a responsável, 'perante a falta de 25 mil enfermeiros nos hospitais e de cinco mil nos centros de saúde, não se pode pedir mais aos enfermeiros'. 'Em média, cada um faz o trabalho de dois profissionais', diz.
APONTAMENTOS
MÉDICOS EM 3.º LUGAR
Os médicos ocupam a terceira posição dos profissionais mais afectados pelos acidentes de trabalho, com 571 casos. Em primeiro estão os funcionários dos serviços gerais, com 1541 acidentes.
INCAPACIDADES
A maioria dos acidentes não provocou qualquer tipo de incapacidade. No entanto, houve um elevado número de incapacidade temporária (1581 casos) e doenças crónicas.
ERRO AUMENTA COM MUDANÇAS NA ORGANIZAÇÃO
O Relatório dos Acidentes de Trabalho constata que 'as profundas mudanças na organização dos processos de trabalho, visando o aumento da produtividade, flexibilidade e redução de custos nem sempre vêm acompanhadas das melhorias das condições de trabalho'. Assim, a percepção das incapacidades e limitações para terminar as tarefas dentro dos prazos gera um ambiente de stress e conduz, por vezes, a um desempenho profissional deficiente, aumentando as possibilidades de erro e a ocorrência de acidentes.
DISCURSO DIRECTO
'NÃO FOI FÁCIL PROVAR O ACIDENTE DE TRABALHO', Fátima Reis, Enfermeira do Hospital de Santa Maria
Correio da Manhã – Foi infectada pelo vírus da hepatite B depois de se ter cortado numa lâmina. Como aconteceu?
Fátima Reis – Uma técnica deixou uma lâmina no ambiente de trabalho e eu cortei a mão. Andei a trabalhar uns dias com a ferida, não fiquei em casa à espera que cicatrizasse.
– Como ocorreu então a contaminação? E sabe quem a infectou?
– Sei, foi por contacto directo a introduzir agulhas e soros para canalizar uma veia a um doente, um toxicodependente.
– Fez logo análises quando soube que foi infectada?
– Há seis ou sete anos não se faziam de imediato análises ao profissional picado e ao doente, como agora se faz. Durante uma semana senti um cansaço fácil e reparei na urina escura. Desconfiei. Fiz análises que acusaram hepatite B.
– Foi indemnizada? Contou com o apoio da administração do hospital?
– Não há indemnização. A classificação de acidente de trabalho só foi aceite pela junta médica na terceira exposição.
– Foi difícil provar o acidente?
– Não foi fácil, mas acabaram por classificar o acidente de trabalho. O que não aconteceu com uma colega.
– O que é que lhe aconteceu?
– Uma enfermeira que trabalhava no sanatório do Hospital de Torres Vedras foi infectada com a tuberculose e morreu meses depois de uma junta médica não reconhecer o acidente de trabalho e ter negado o direito à reforma por invalidez.
– Alguma vez se sentiu discriminada no local de trabalho?
– Não. O acidente ocorreu quando trabalhava na Urgência e já saí, fui trabalhar para outro serviço mas a saída não tem ligação com o acidente e nunca fui discriminada.
– Toma mais precauções?
– Sim, para minha protecção e do doente.
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