Os festejos em honra da padroeira da Lousã, que habitualmente envolvem milhares de pessoas ao longo de quatro semanas, começaram no dia 1 com o desfile em que a representação escultórica é carregada por oito homens entre a capela votiva, na Serra da Lousã, e a igreja matriz da vila.
Para conduzir o pesado andor da Senhora da Piedade chegam a existir disputas entre os pagadores de promessas, tendo nos últimos anos havido também algumas mulheres a ansiar esse 'sacrifício', segundo a organização.
Organizadas desde tempos imemoriais neste concelho do distrito de Coimbra, com programa religioso e profano, as festas atraem devotos da região e de outros pontos do país, oscilando no calendário em função das celebrações da Quinta-Feira de Ascensão.
Esta é uma festa móvel que no passado era feriado religioso, coincidindo com o Dia da Espiga, assinalado na quinta-feira pelas comunidades rurais de norte a sul de Portugal continental, mas também nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
As honrarias populares da Senhora da Piedade realizam-se há centenas de anos, pelo menos desde o século XVI, quando foi erguida uma pequena capela, num sítio onde já era evocado São João, junto à ribeira com este nome, uma linha de água proveniente da montanha que, ao atingir a planície, ganha o estatuto de rio Arouce, afluente do Ceira, que por sua vez desagua no Mondego às portas de Coimbra.
A Irmandade de Nossa Senhora da Piedade, que cuida do santuário, junto ao castelo medieval do lendário rei Arunce e das piscinas fluviais, retomou este ano as celebrações, interrompidas em 2020 e 2021 devido à pandemia de covid-19.
Entre concertos e outras iniciativas, a edição deste ano incluiu mais duas procissões na vila, nos dias 22 e 26, devendo terminar com o desfile a subir a serra, entre a igreja matriz e o penhasco sagrado, que está integrado no mais importante conjunto natural, histórico e turístico do concelho da Lousã.
Com início às 10h00, na praça Cândido dos Reis, a procissão de domingo é sempre a mais concorrida e imponente, incorporando "muitas centenas de pessoas" até chegar ao destino, cerca das 12h30, seguindo depois para a capela de São João.
Aqui, deverá permanecer alguns dias, antes de ser levada para o pequeno templo no topo do promontório rodeado pela ribeira.
Desta vez, a procissão ascendente conta com a participação das bandas filarmónicas da Lousã, São Romão (Seia) e Vila Nova do Ceira (Góis).