Instalação artística mostra o nome das vítimas, armas usadas e parentesco do assassino.
Cada uma das 24 mulheres assassinadas em Portugal entre 1 de janeiro e 15 de novembro deste ano foi, esta sexta-feira, homenageada no Porto, com uma instalação artística, mostrando o nome das vítimas, armas usadas e parentesco do assassino.
"Estão aqui 24 fotos que simbolizam o quotidiano das mulheres, que simbolizam aquilo que se cortou, que se perdeu destas 24 mulheres que foram assassinadas", disse Ilda Afonso, diretora técnica da UMAR -- União de Mulheres Alternativa e Resposta, à margem da cerimónia de homenagem intitulada "Ecos de Vidas Perdidas!", uma iniciativa que integra a campanha internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) "16 Dias de Ativismo contra a Violência de Género".
"Maria Santos, de 17 anos, morta a 30 de janeiro de 2025, pelo padrasto com arma branca, em Setúbal", "Susana Costa, de 47 anos, morta a 31 de janeiro de 2025, pelo namorado por asfixia ou estrangulamento, no Porto", "Ana Veiga, de 65 anos, morta a 24 de janeiro de 2025, por desconhecido por espancamento" em Braga", "Susana Gravato, de 49 anos, morta a 21 de outubro de 2025, pelo filho com arma de fogo, em Vagos, Aveiro".
Estes são alguns dos nomes das 24 mulheres assassinadas em Portugal e que a UMAR classificou de "crimes hediondos", pedindo pelo fim da violência e pelo fim do femicídio.
Segundo avançou à Lusa, a maioria das mulheres assassinadas em Portugal em 2025 estava em idade ativa, com uma média de idades a rondar os 40 anos e "várias [destas mulheres assassinadas] tinham pedido ajuda" e muitas tinham "referiram que estavam ameaçadas de morte".
O Observatório das Mulheres Assassinadas (OMA), da UMAR, divulgou esta semana que entre 1 de janeiro e 15 de novembro de 2025 foram registados 21 femicídios - 16 mulheres assassinadas pela pessoa com quem mantinham uma relação de intimidade e cinco por outros familiares -, e três assassinatos noutros contextos, totalizando 24 mulheres assassinadas. O OMA registou também 50 tentativas de assassinato de mulheres, e dessas, 40 foi por tentativas de femicídio, e 10 por tentativas de assassinato de mulheres em outros contextos.
Ilda Afonso destacou ainda que o femicídio e a violência doméstica não afeta apenas as mulheres, afeta também as crianças e toda a família.
"As crianças sofrem muito nestas situações. Temos dezenas de crianças que ficaram órfãs e o Estado português tem que se responsabilizar por proteger as mulheres para que isto não aconteça e quando acontece cuidar destas crianças até pelo menos serem maiores de idade".
Durante a cerimónia, Ilda Afonso criticou a falta de formação dos profissionais da justiça, mas também apelou à urgência de dar formação a polícias e a jornalistas e profissionais de saúde.
"A formação dos profissionais é um pilar essencial. Polícias, magistrados, jornalistas, equipas médicas, sociais e educativas devem ser capacitados para compreender sinais de risco, reconhecer padrões de violência e atuar de forma coordenada", defendeu.
Segundo a diretora técnica da UMAR a resposta de primeira linha precisa de ser especializada, contínua e eficaz.
"É fundamental garantir uma comunicação imediata entre forças de segurança, saúde e estruturas de apoio, sobretudo nos casos de risco elevado, onde a intervenção célere pode salvar vidas".
Ilda Afonso apelou a que não se responsabilize a vítima por estar ou por sair de uma relação abusiva e que não se banalize o impacto da violência nas crianças e nos jovens, bem como apelou a que não haja "conivência para com a desigualdade de género e que não se permita que uma sociedade machista e patriarcal silencie mais vozes"
"Vamos enviar uma mensagem clara de censura aos agressores, denunciando e manifestando indignação por todos os atos que sejam atentatórios dos direitos humanos, trazendo à memória coletiva as vítimas e o seu sofrimento. Pelo fim da violência", concluiu.
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