"Saudamos todas as inspecções que sejam realizadas sobre a actividade médica porque queremos que seja absolutamente transparente", mas "não podemos julgar com base apenas em indícios", afirmou à Lusa o bastonário, José Manuel Silva.
Sublinhando que "a Ordem será a primeira interessada em que as decisões que levem à penalização desses médicos sejam o mais severas possível", o bastonário admite que a Inspecção-geral de Actividade de Saúde (IGAS) possa estar a ser instrumentalizada.
"Não posso deixar de salientar que esse relatório, que já está na comunicação social, ainda não consta no site do IGAS e também não foi apresentado à Ordem dos Médicos. Isto faz-nos pensar -- porque somos todos pessoas inteligentes -- é que a IGAS está a ser instrumentalizada", defendeu.
Segundo o bastonário dos médicos, esta suspeita surgiu a partir do momento em que os médicos convocaram uma greve para 11 e 12 de Julho e "começaram a aparecer notícias diariamente na comunicação social que visam descredibilizar a profissão médica, confundindo a parte com o todo".
Estes "indícios de campanha de descredibilização da classe médica apenas unirão ainda mais [os médicos] e apenas nos tornarão ainda mais determinados e empenhados na defesa do Serviço Nacional de Saúde, dos doentes e da qualidade da medicina portuguesa", garantiu.
O relatório do IGAS refere ainda que, entre as irregularidades detectadas, consta a existência de casos de substituição de medicamentos nas farmácias contra a vontade do médico prescritor.
Situações que José Manuel Silva diz já ter denunciado, escrevendo ao Infarmed e ao ministro da Saúde para exigir uma "auditoria rigorosa à dispensa de medicamentos nas farmácias".
"Temos fortes indícios de que a legislação não está a ser cumprida, nomeadamente na despensa de um dos cinco medicamentos mais baratos" e "queremos que essa auditoria seja tornada pública, que seja escrutinável e transparente"