Em Portugal surgem, por ano, cerca de quatro mil novos casos de doentes com cancro da próstata. A doença é silenciosa e é a segunda maior causa de morte por cancro, logo a seguir ao tumor do pulmão.
A doença é cada vez mais frequente e, por isso, existem cada vez mais alternativas terapêuticas, com técnicas menos invasivas e que provocam menos efeitos secundários. É o caso da braquiterapia prostática, também conhecida por radioterapia interna.
"A braquiterapia prostática é um tratamento que pode ser feito a determinados doentes. Ou seja, não pode ser realizado em pessoas com tumores agressivos. É um tratamento que consiste na introdução de pequenas sementes de iodo radioativo no interior da próstata", disse Frederico Branco, urologista do Hospital Lusíadas, no Porto.
O procedimento é pouco invasivo e não requer incisão cirúrgica nem transfusão sanguínea. A colocação de sementes no interior da próstata permite que uma elevada dose de radiação seja libertada e, dessa forma, o tumor seja destruído.
"As vantagens passam por quase não ter efeitos secundários, quer a nível de incontinência urinária, quer a nível de disfunção erétil. A alta médica é geralmente dada 16 horas depois da cirurgia. O paciente é posteriormente submetido ao PSA, que consiste em análises ao sangue que medem os níveis de antigénio específico da próstata", referiu o médico.
Tal como em outros tratamentos oncológicos, os doentes continuam a ser seguidos. "Não ficam recuperados logo a seguir à operação. Só ao fim de cinco anos é que podemos dizer se estão curados ou não, porque há sempre o risco de uma recaída e de lesões secundárias. Todos os doentes oncológicos têm que ser seguidos", concluiu.
"Evitava ter relações sexuais"
Luís Mendes, de 52 anos, ficou espantado quando o médico lhe disse que tinha cancro porque nunca tinha sentido sintomas. "A minha esposa é que insistiu para eu vir ao médico e fazer uns exames. Detetaram que tinha um problema e, depois de fazer algumas biopsias, descobriram que tinha um tumor maligno. Esta doença é silenciosa, não sentia nada", disse o doente.
Luís viu a sua vida sexual ser afetada devido à doença. "A nível sexual comecei a ter problemas. Cheguei a um ponto de evitar ter relações sexuais porque era muito doloroso. Só aí é que sentia dor, só não imaginava o que tinha", contou.
PORMENORES Fatores de riscoO cancro da próstata caracteriza-se por uma evolução lenta e, apesar de ser considerada uma doença silenciosa, é necessário ter atenção a alguns sinais. Sentir dor na parte de baixo das costas a ejacular ou sangue no sémen são alguns sintomas.
Diagnóstico é importanteÉ importante que o doente seja submetido a um bom diagnóstico para perceber ao certo que tipo de tumor tem e como o pode tratar. "Quer a biopsia, quer a ressonância, deve ser feita antes de planear o tratamento", disse Frederico Branco.
Ansiedade e stressQuando diagnosticada a existência de cancro na próstata muitos doentes tendem a mostrar uma reação de stress. Em muitos casos, a troca de informação com pessoas com a mesma doença e a prática de exercício físico pode ajudar a combater a ansiedade.
Alimentos combatemEstudos apontam uma ligação entre o cancro da próstata e a alimentação. A vitamina E pode reduzir até 30% a probabilidade de desenvolver este cancro. Substâncias com vitamina D ou A travam o aparecimento de células cancerígenas.
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Sintomas
- Dificuldades em urinar
- Sensação de esvaziamento incompleto
- Uma redução na força do jato de urina
- Aparecimento de sangue juntamente com o sémen ou urina
- Desconforto na zona pélvica
- Disfunção erétil
- Dor nos ossos
- Anemia
Prevenção
- A partir de certa idade, é recomendado o toque retal regular.
- O uso da PSA (sigla em inglês para «antigénio prostático específico») como elemento de rastreio ficará ao critério do médico assistente.
- Evitar o tabagismo, o consumo de álcool excessivo e manter uma dieta equilibrada.
Como se trataUma equipa multidisciplinar terá em conta o estadiamento da doença, o prognóstico e qualidade de vida do doente e encarregar-se-á da tomada de decisão. O tratamento passa normalmente por cirurgia,
hormonoterapia, radioterapia e, se for necessário, quimioterapia