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"Confesso que o número [os custos do palco] me magoou": D. Américo Aguiar sobre obra polémica da JMJ

Bispo esclareceu ainda que "a proposta de altar não foi aprovada a 100%" e que está disposto a reformular o projeto.
Correio da Manhã e Lusa 26 de Janeiro de 2023 às 19:28
D. Américo Aguiar
D. Américo Aguiar FOTO: Pedro Catarino
O presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 disse esta quinta-feira que o valor (superior a quatro milhões de euros) do altar-palco onde o Papa vai celebrar a missa final "magoa todos", admitindo eventuais correções se necessárias.

"Confesso também que o número me magoou, e magoou-nos a todos", afirmou o bispo Américo Aguiar, em conferência de imprensa, em Lisboa, realçando o contexto das "dificuldades" económicas "das famílias".


O bispo-auxiliar de Lisboa referiu que, "nos próximos dias", a organização da JMJ vai reunir-se com as equipas responsáveis pelo projeto para aferir "qual a razão desse valor".

"Parcelas que puderem ser eliminadas, pediremos para serem eliminadas", frisou, acrescentando que a organização nunca quis "ferir a Jornada Mundial da Juventude por causa disto".

"Acreditem que não vamos "desbaratar" um cêntimo, pois sabemos o quão positivo isto é para o País. Caso o evento corra bem", reforçou.

D. Américo Aguiar revelou que "soube do valor [da obra] pelos meios de comunicação social" e que o Presidente da República não sabia do valor. O bispo disse ainda que é obrigação da organização sentar-se "com o autor do projeto" e "rever as coisas" para "corrigir aquilo que for necessário corrigir".

"Não sentimos que fosse nossa obrigação acompanhar o caderno de encargos e todos os custos, mas confesso que hoje faria diferente", disse D.Américo Aguiar, acrescentado que "cometer erros novos é humano, repeti-los é burrice".

O bispo assumiu que nas edições da JMJ é comum fazer-se "um copypaste" e que é preciso agora analisar o que deixa de ser essencial para o evento.

Quanto à responsabilidades dos restantes encargos, o bispo referiu que "a igreja assume aquilo que é a relação com o peregrino" e que quando estiver fechado o orçamento "a organização vai mostrá-lo até ao último cêntimo".

Quanto aos prejuízos, D. Américo de Aguiar disse haver "histórico de jornadas que deram milhões de prejuízos, mas outros que pelo contrário, é muito incerto".
 
Em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse ter ficado feliz pelo facto da "Igreja ter desmentido a nota do Patriarcado" sobre o conhecimento do Presidente relativamente ao valor da obra para a Jornada Mundial da Juventude.

A obra de construção do altar-palco onde o Papa Francisco vai celebrar a missa final vai custar 4,2 milhões de euros à Câmara de Lisboa, numa empreitada atribuída por ajuste direto.

Segundo a informação disponibilizada no Portal Base da Contratação pública, "a construção foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA)", somando-se a esse valor "1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura".

A Câmara de Lisboa justificou na quarta-feira o investimento no altar-palco com as necessidades do evento e as características do terreno, sublinhando que a estrutura poderá receber 2.000 pessoas, metade dos quais bispos, e continuará depois a ser utilizada.

Na terça-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, referiu que sabia que a construção do altar-palco iria ficar muito cara, acrescentando que será realizada com as especificações indicadas pela Igreja Católica.

A oposição na autarquia queixou-se de "falta de transparência" e o partido Chega já requereu a presença de Carlos Moedas no parlamento para explicar os custos do evento.

Na quarta-feira, a Fundação JMJ comprometeu-se a divulgar, ao longo do projeto, "os custos e os investimentos" do "acontecimento inédito para o país" que "são da sua responsabilidade".

A JMJ é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto.

Lisboa foi a cidade escolhida em 2019 para acolher o encontro de 2022, que transitou para 2023 devido à pandemia de covid-19.

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