Depois da mensagem polémica sobre os gastos na Jornada Mundial da Juventude e da posição em relação ao culto das touradas, Bordalo II voltou a usar a arte para criticar problemas atuais. Para se expressar sobre a crise na habitação, o artista plástico criou a "Rua da Angústia", na qual montou quatro tendas, que simulam típicos prédios lisboetas. "Desalojamento Local", o novo projeto, foi divulgado nas redes sociais, esta quinta-feira, e já se tornou viral.
As tendas foram montadas no miradouro de São Pedro de Alcântara, um famoso ponto turístico da capital.
"O problema é a ganância do privado VS a incompetência do Estado. Não critico turistas, estrangeiros e muito menos imigrantes, mas sim a falta de medidas que consigam equilibrar a balança e parar de expulsar as pessoas que realmente vivem nas cidades, transformando-as em gigantes parques de diversão sem alma", começou por apontar na publicação do Instagram.
Para além das tendas, Bordalo II voltou a usar a sinalética da cidade para fazer crítica social. Numa das fotografias partilhadas nas redes sociais as localizações foram substituídas pelas palavras "Hotel", "Posto de Turismo", "Airbnb", "Hostel".
Numa outra das fotografias publicadas, mostra ainda um sinal de trânsito proibido com a legenda "Exceto turistas, nómadas digitais e vistos gold".
O artista plástico salienta que existe urgência em regular o preço das casas e de apartamentos no País. "Quando se deixam os mercados à solta o resultado são buracos a alugar por dois mil euros por mês e é por isso que é urgente regular a loucura da especulação que retira a dignidade a uns para encher os bolsos a outros", referiu.
A publicação de Bordalo II, que já conta com mais de 89 mil gostos e 1.500 comentários, acontece depois dos meios de comunicação nacionais terem noticiado os casos de trabalhadores que optaram por viver em tendas por dificuldades com os custos das rendas.
"Em Portugal, em 2023, há pessoas que se levantam todos os dias para trabalhar oito ou mais horas e chegam ao final do mês sem sequer conseguir pagar uma casa onde viver. Esta situação é um problema para os que não conseguem pagar uma casa, para aqueles a quem nada sobra depois de a pagar e para quem se vê obrigado a sair", afirma.
Bordalo II descreveu a crise no alojamento como um problema que vai deixar marcas profundas, que vai deixar "uma enorme parte da população sem condições de pensar no futuro".
"Isso é um problema de todos!", concluiu.