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Correio da Manhã

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Disparam novos casos de cancro do rim

Despiste eficaz justifica aumento acentuado. Doentes reclamam acesso a ensaios clínicos.
Miguel Balança 14 de Abril de 2019 às 10:05
Despiste da doença é feito, cada vez mais, em fase embrionária. Número de doentes sobe em razão da eficácia do diagnóstico
Exercício físico
Tabagismo revela-se como o principal fator de risco de cancro do rim
Medicamentos
Despiste da doença é feito, cada vez mais, em fase embrionária. Número de doentes sobe em razão da eficácia do diagnóstico
Exercício físico
Tabagismo revela-se como o principal fator de risco de cancro do rim
Medicamentos
Despiste da doença é feito, cada vez mais, em fase embrionária. Número de doentes sobe em razão da eficácia do diagnóstico
Exercício físico
Tabagismo revela-se como o principal fator de risco de cancro do rim
Medicamentos
Cerca de 338 mil pessoas são diagnosticadas com cancro do rim, por ano, em todo o Mundo. Em Portugal, o número de novos casos quase duplicou em menos de uma década. No ano passado, mais de mil foram detetados.

O agravamento – há seis anos eram até 700 doentes - sai legitimado pela prestação de "melhores cuidados de saúde", num cenário em que "as pessoas vão mais vezes ao médico, fazem mais exames de imagem, e a deteção da doença é feita em fases mais precoces", afirma Ricardo Leão, médico urologista na CUF Coimbra.

João Francisco Rodrigues, 55 anos, foi diagnosticado há três anos. Quer criar a primeira associação de doentes com cancro renal em Portugal. Primeiro, para "olhar para dentro", estimular o envolvimento do doente na escolha terapêutica e atenuar a fragilidade imposta pelo diagnóstico que, afirma, "cria sempre um chorrilho de emoções".

Depois, quer torná-la num "grupo de pressão". "É uma das áreas oncológicas onde há maior necessidade de medicamentos novos e, portanto, os ensaios clínicos são fundamentais", defende.

E denuncia: o acesso a nova terapêutica é maioritariamente restrito aos utentes dos privados. "Porque não temos acesso a medicamentos que os espanhóis têm? Pergunto-o todos os dias."

Duas cólicas renais deram alerta
Ana Pires da Silva, 70 anos, é uma "sobrevivente". Foi operada pela primeira vez em 2006 - seis meses depois teve uma recaída.

Recorda o cancro do rim como "uma doença silenciosa". Duas cólicas renais, no espaço de oito dias, alertaram-na. "O médico fez-me o desenho: disse-me onde é que estava localizado o tumor, qual o tratamento adequado e três a quatro meses depois estava a ser operada", conta.

Seguiram-se cinco anos de exames recorrentes - uma cistoscopia de três em três meses - e só recentemente foi "liberta das consultas".

Tabaco é o principal inimigo de rins saudáveis
A prevenção da falência renal mostra-se eficaz na proporção em que é antecipado o despiste da condição clínica na sua origem. O diagnóstico precoce e intervenção especializada sobre cálculos renais, infeções, hipertensão e diabetes garantem a vigilância permanente do rim e impedem um quadro agravado de insuficiência renal.

Entre as causas possíveis para a disfuncionalidade do órgão está o uso desregulado de medicamentos, em particular de analgésicos e anti-inflamatórios. Privilegie a prescrição médica, em função da automedicação, e garanta o uso correto, e na posologia aconselhada, do remédio. Uma atitude preventiva passa por assumir uma dieta equilibrada, em que o consumo de sal e gorduras é limitado.

Os especialistas aconselham a prática de exercício físico regular, reflexo de um estilo de vida saudável em que deve ser evitado o consumo de tabaco e álcool. O tabagismo é o principal fator de risco de cancro do rim. Se tem antecedentes familiares da doença saiba que tem um potencial acrescido de vir a contrair a patologia.

"Importa chamar os doentes"
Ricardo Leão, médico urologista na CUF Coimbra
CM: Sente que a doença é do conhecimento geral?
Ricardo Leão – Um inquérito muito recente revelou que em cada 10 pessoas, apenas 5 sabiam alguma coisa sobre o cancro do rim. Não posso dizer que a população não sabe nada sobre a doença, mas atrever-me-ia a dizer que há necessidade de informar melhor.
- No que se traduz um avanço a esse nível?
– O melhor conhecimento da doença faz com que tenhamos melhores doentes e consigamos fazer melhor medicina. É cada vez mais importante chamar os doentes às reuniões clínicas e informá-los para que tenham capacidade de decisão sobre a doença.
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