Duas semanas depois do arranque do ano letivo, estarão ainda por colocar mais de dois mil professores, afetando dezenas de milhares de alunos. "O processo de seleção é muito demorado. Dos mais de 5 mil horários postos a concurso em contratação de escola na plataforma eletrónica do Ministério da Educação e Ciência [MEC], cerca de metade não foram preenchidos", estima Arlindo Ferreira, professor e autor do blogue DeArLindo, especializado nos concursos de docentes. Já o ministro Nuno Crato afirmou não dispor de dados sobre o número de alunos sem aulas, mas garantiu que "praticamente todas essas questões estão resolvidas".
Na EB 2,3 do Alto do Lumiar, em Lisboa, pais e alunos protestaram ontem contra a falta de professores em 20 turmas. E prometem encerrar a escola se na quarta-feira os docentes não estiverem colocados.
No Agrupamento de Benfica, há quatro turmas do 1º Ciclo ainda sem aulas. "Chamei 30 professores para entrevistas mas só preciso de quatro. É a terceira ‘leva’ de entrevistas que faço", disse à Lusa o diretor, Manuel Esperança, frisando que muitos não aparecem porque concorreram a outras escolas e optam pela melhor oferta. Há casos em que o mesmo professor é selecionado para quatro escolas. Acaba por escolher uma, e as outras três têm de reiniciar o processo de seleção.
Enquanto isso, milhares de docentes esperam pela sua chance, colados aos computadores. "O problema é que este ano houve um alargamento das escolas e agrupamentos que podem fazer contratação direta, são já 20% do total. Os concursos tornaram-se um pesadelo para professores e escolas", diz Arlindo Ferreira.