Enfermeiras apoiam mães recentes em casa
Profissionais fazem teste do pezinho e identificam casos de risco.
Teresa Oliveira
29 de Maio de 2016 às 21:17
De mochila às costas, onde leva o material necessário para fazer o teste do pezinho a recém-nascidos, Maria João Pascoal prepara-se para palmilhar mais uns quilómetros e fazer visitas domiciliárias a algumas puérperas (mulheres que deram à luz recentemente).
"Com esta visita, evitamos que a mãe e sobretudo o recém-nascido, que é frágil, se exponha nos primeiros dias a meios ambientes contaminados", explica a enfermeira, especialista em saúde infantil da USF do Cacém (Sintra), que presta este serviço no âmbito de um projeto do qual é mentora. Intitulado ‘Criar, Crescer e Cuidar’, o projeto visa proporcionar a todas as puérperas da área geográfica de Agualva-Cacém cuidados na área da saúde materna ao domicílio, pelo menos durante os primeiros 15 dias de vida do bebé.
A iniciativa teve uma fase experimental em dezembro de 2015 e em janeiro deste ano arrancou em força. Para conseguir apoio, nomeadamente um veículo para as deslocações, Maria João Pascoal concorreu à Missão Sorriso e ganhou. "O prémio foi de 14 mil euros, sendo que 12 mil foram para a aquisição de uma carrinha, que ainda não chegou. O restante valor será para material informático", explica.
O projeto conta ainda com uma enfermeira especialista em saúde materna, uma psicóloga e uma médica de família.
Além de ajudar as mamãs e os recém-nascidos nos primeiros dias após o parto, esta ação também permite detetar situações de risco. "Temos bebés que referenciamos para o Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco, porque não estão a ser bem cuidados, ou porque os cuidados de higiene não são os melhores ou porque a alimentação não está a correr como deveria, o que é um risco para o recém-nascido".
Também há situações em que a ligação da mãe ao bebé é de distância. "O risco social é imenso por aqui", explica.
A prestação de cuidados pós-natal ao domicílio é um serviço ainda raro no País. "Conheço apenas duas unidades de cuidados na comunidade que o fazem, uma no Alentejo e outra no Algarve", conta Maria João Pascoal.
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