A partir de uma aplicação telefónica, aciona um "drone" que transporta o desfibrilhador.
Bombeiros e Câmara Municipal de Espinho testaram hoje um projeto-piloto de socorro por "drone" a vítimas de paragem cardiorrespiratória nas praias, em parceria com um consórcio cívico-empresarial que se propõe implementar esse serviço já no verão de 2021.
Em causa está o programa "CardioDrone", que, a partir de uma aplicação telefónica, aciona um desses veículos aéreos não tripulados para que ele transporte até ao local da ocorrência a caixa com o desfibrilhador automático externo (DAE) que permitirá salvar a vítima num período de resposta cerca de sete minutos mais rápido do que acontece quando o socorro depende apenas de meios deslocados por via terrestre.
Na simulação de hoje, e perante um banhista em paragem cardiorrespiratória na praia de Paramos, um nadador-salvador abriu a "app" no telefone e ativou o envio do "drone" que, disponível a três quilómetros de distância no areal de Silvalde, percorreu a distância entre as duas praias a cerca de 100 quilómetros por hora.
Cerca de três minutos após levantar voo, o veículo sobrevoava a vítima na localização geográfica indicada pela "app" e, a 20 metros de altura, fazia descer até ao socorrista a mala com o DAE, através de um guincho de aço apto a aguentar com os cerca de cinco quilos desse dispositivo médico.
O alerta emitido através da "app" também ativou automaticamente o serviço de emergência 112, pelo que, pouco depois de o nadador-salvador começar a aplicar os choques elétricos no manequim-vítima usado na simulação, chegavam igualmente à praia dois operacionais dos Bombeiros Voluntários do Concelho de Espinho, um por mar, em moto-de-água, e outro pelo areal, em moto-4.
O enfermeiro Pedro Caldeira sintetizou as vantagens do serviço que estará disponível para autarquias a preços na ordem dos 600 a 700 euros por mês por cada drone: "Quanto mais depressa conseguirmos chegar ao local, mais depressa conseguiremos providenciar cuidados médicos à vítima e maior probabilidade ela terá de ser salva".
Gabriel Boavida, também envolvido no consórcio enquanto presidente do movimento cívico "Salvar Mais vidas", defendeu que essa rapidez de ação é a maior vantagem do projeto, considerando que "a paragem cardiorrespiratória súbita é a principal causa de morte em Portugal fora do meio hospitalar", representando cerca de 10.000 óbitos por ano - o que reflete uma taxa de sobrevivência "que ronda os 3%".
Pedro Louro, comandante da corporação local de bombeiros e responsável pelo dispositivo de socorro instalado em toda a orla costeira de Espinho, reforça a ideia de que "a mais-valia destes equipamentos [aéreos] está muito associada ao tempo de resposta para intervenção", reduzindo o período decorrido "desde a paragem cardiorrespiratória até à assistência à vítima".
O mecanismo subjacente ao projeto CardioDrone resulta do consórcio entre as empresas Ocean Medical, HP Drones e Inovcorp, e o referido movimento "Salvar Mais Vidas".
Todas essas entidades têm sede na região da Grande Lisboa, mas, segundo Marco Castro, diretor-geral da Ocean Medical e porta-voz do consórcio, a escolha de Espinho para arranque da experiência-piloto foi "natural".
"Espinho foi o primeiro município a mostrar interesse neste serviço e já é um exemplo em termos de dispositivo de socorro nas praias, pelo que fazia todo o sentido que lançássemos aqui o projeto, que não é inovador em termos de recurso a 'drones' para salvamento, mas é pioneiro a acionar os socorristas", diz o empresário.
Experiências semelhantes já terão sido testadas "em zonas remotas do Canadá, da Noruega e da Suécia", mas, segundo Marco Castro, esses projetos deixaram a desejar porque, à chegada da aeronave ao seu destino, "não garantiam que lá estivesse quem soubesse usar o DAE na vítima".
O vereador Quirino de Jesus confirmou a disponibilidade do Município de Espinho para no verão de 2021 já disponibilizar o serviço CardioDrone nos seus oito quilómetros de orla costeira, mas reconhece que isso dependerá das devidas autorizações legais para a pilotagem de "drones" de assistência médica no espaço público - o que Hanniel Pontes, da HP Drones, espera ver viabilizado no próximo mês de janeiro, quando entrar em vigor a anunciada legislação europeia para o efeito.
Marco Castro realça, contudo, que, em toda a operação idealizada pelo CardioDrone, "o sucesso do socorro depende sempre da sociedade civil", já que os cidadãos serão decisivos para acionar o socorro atempadamente e até para assegurar a massagem cardiorrespiratória que permitirá manter a vítima viva até à chegada do auxílio médico.
É por isso, aliás, que o comandante Pedro Louro realça que a capacidade de prestar esses primeiros-socorros não é exclusiva de bombeiros e socorristas: "Qualquer pessoa pode tirar uma formação de sete horas para isso, junto das entidades certificadas para o efeito".
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