Projeto incluiu entrevistas a 90 pessoas vítimas deste tipo de crime.
As vítimas de exploração sexual entrevistadas no âmbito de um estudo nacional sobre o fenómeno defenderam que precisam de assistência especializada, sobretudo ao nível da saúde mental, e programas para a escolaridade e inserção no mercado de trabalho.
As conclusões do projeto "Melhorar os sistemas e prevenção, assistência, proteção e (re)integração para vítimas de exploração sexual" foram conhecidas esta segunda-feira e o projeto incluiu entrevistas a 90 pessoas vítimas deste tipo de crime.
Em declarações aos jornalistas, Marlene Matos, professora associada da Escola de Psicologia da Universidade do Minho, e uma das responsáveis pela apresentação dos resultados, adiantou que as vítimas entrevistadas denunciaram a "necessidade de uma assistência especializada ao nível da saúde mental, apoio psicológico e psiquiátrico".
"Falam também da necessidade de programas que as ajudem do ponto de vista da escolaridade, da profissão, a inserir-se mais facilmente no mercado de trabalho", referiu a docente.
Defendeu igualmente que, nesse trabalho de assistências, as vítimas precisam saber reconhecer melhor quais são os seus direitos, "nomeadamente o direito à habitação ou o direito a algum apoio social temporário".
As vítimas "falam também da necessidade de uma proteção mais eficiente, mais célere e menos burocrática", referiu Marlene Matos.
Salientou que algumas das vítimas entrevistadas não falavam português e que, por isso, o acesso aos serviços revelava-se difícil, ao mesmo tempo que também criticavam a morosidade dos processos de reintegração.
A investigadora salientou que a exploração sexual é um fenómeno nacional e internacional "com uma expressão preocupante", com "causas múltiplas", para o qual são precisas "respostas que melhorem os sistemas de prevenção".
"Isso faz-se através de uma maior capacidade da sociedade civil em reconhecer a exploração sexual, os indícios e os sinais e sinalizar as vítimas às entidades", defendeu.
Marlene Matos salientou que as vítimas de exploração sexual "precisam de medidas de apoio continuado de longo prazo".
"As dificuldades com que lidam, tendo em conta os eventos traumáticos de que foram vítimas, exigem que os serviços que estão ao seu dispor se prolonguem durante algum tempo para que todas as suas trajetórias de recuperação pós exploração sexual possam ser bem-sucedidas", apontou, acrescentando que, no mínimo, esse prazo deveria ser de um ano e que deveria ter em conta as necessidades específicas de cada pessoa.
Na opinião da investigadora, esse apoio deveria ser ao nível da saúde física, mental, social, mas também apoio financeiro, jurídico, legal e de informação.
"Estas vítimas precisam sobretudo de informação sobre que tipo de serviços existem, que direitos elas têm a esses serviços e como é que eles podem ser acessíveis facilmente", apontou.
Marlene Matos salientou que as 90 pessoas entrevistadas não refletem a realidade do fenómeno "porque ele é altamente subnotificado", explicando que para chegarem à fala com aquelas pessoas tiveram a "colaboração preciosa de todos os parceiros que no terreno trabalham" com aquela população.
Durante a apresentação dos resultados, foi também salientado que a pandemia de covid-19 trouxe "desafios adicionais", nomeadamente ao nível da deteção e sinalização deste tipo de crime, uma realidade que afetou mais as pessoas migrantes.
Os confinamentos obrigatórios durante esse período fizeram com que as vítimas ficassem mais vulneráveis e os criminosos arranjassem outras ferramentas para aliciar as suas vítimas, recorrendo, por exemplo, a métodos via redes sociais.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.