Em causa está o período entre março e abril de 2021, quando vigoraram restrições provocadas pela pandemia da Covid-19.
O consumo de canábis aumentou e o de ecstasy diminuiu, entre março e abril de 2021, quando vigoraram restrições provocadas pela pandemia de covid-19, revela um inquérito 'online' à ingestão de drogas em 30 países hoje divulgado.
O mais recente inquérito 'online' europeu sobre consumo de drogas realizado pelo Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês ), realizado entre março e abril de 2021 em 30 países (21 da União Europeia, incluindo Portugal, e nove não pertencentes), conclui que, "embora o consumo de canábis herbácea tenha aumentado, o consumo de MDMA/ecstasy diminuiu" quando muitas populações estavam sujeitas a confinamentos, num universo de consumidores com 18 ou mais anos.
"Cerca de um terço dos inquiridos (32%) referiu ter consumido mais canábis (herbácea) e 42% disse ter usado menos MDMA/ecstasy", refere o EMCDDA.
O Observatório salienta, no documento a que a agência Lusa teve acesso, que o inquérito pretende "melhorar a compreensão dos padrões do consumo de droga na Europa e ajudar a definir futuras políticas e intervenções" sobre este problema.
Segundo as respostas 'online' de 48.469 adultos em 21 Estados-membros e Suíça, a canábis foi a droga mais consumida, com 93 % dos consumidores a afirmarem tê-la usado nos últimos 12 meses e com pouca variação entre países.
Já o MDMA/ecstasy apresenta uma percentagem de consumo de 35%, a cocaína 35% e as anfetaminas 28%, surgindo como as substâncias ilícitas mais notificadas a seguir à canábis, "com a ordem das três drogas a variar de país para país".
O inquérito revelou que um quinto (20%) da amostra referiu ter consumido LSD no último ano, 16% usou novas substâncias psicoativas (NSP) e 13% cetamina (também conhecida como quetamina ou Ketamina, um anestésico com aplicação hipnótica e aspeto analgésico).
O consumo de heroína foi comunicado por três por cento dos inquiridos, refere o Observatório sediado em Lisboa, salientando que, "embora a amostra que comunicou o consumo de heroína tenha sido pequena, mais de um quarto destes inquiridos (26%) indicou ter usado mais esta droga no período estudado".
Os dados hoje apresentados referem-se a uma amostra auto-selecionada que consumiu, pelo menos, uma droga ilícita nos 12 meses anteriores ao inquérito, explica o EMCDDA.
A agência europeia de estudo e análise sobre o fenómeno das drogas salienta que "embora os inquéritos 'online' não sejam representativos da população em geral, quando cuidadosamente realizados e combinados com métodos tradicionais de recolha de dados, podem ajudar a traçar um quadro mais pormenorizado, realista e atual do consumo e dos mercados de droga na Europa", acrescentando que mais de 100 organizações participaram na iniciativa, incluindo os pontos focais nacionais da rede Reitox (pontos focais/organismos oficiais de cada país), universidades e ONG.
Na parte do inquérito relacionada com os Balcãs ocidentais, "os resultados refletem as conclusões do países da UE, apresentando como novidade na ronda de 2021 da participação dos parceiros das agências de estudo sobre as drogas dos Balcãs ocidentais, através de um projeto de assistência técnica do Observatório Europeu.
Os dados recolhidos apontam que mais de 2.000 adultos (2.174) da Albânia, Kosovo, Montenegro, Macedónia do Norte e Sérvia responderam ao inquérito, sendo que a maioria dos inquiridos (91%) declarou ter consumido canábis nos últimos 12 meses, seguida da cocaína (38%), MDMA/ecstasy (22%) e anfetaminas (20%).
"Mais uma vez, cerca de um terço dos inquiridos (32%) referiu ter consumido mais canábis (herbácea) e 34% ter consumido menos MDMA/ecstasy", reflete o EMCDDA.
Nestes países, quase um em cada seis (17%) dos inquiridos declarou ter consumido novas substâncias psicoativas no último ano, enquanto 9% afirmaram ter usado LSD. O consumo de heroína e de metanfetaminas foi notificado por 8% dos inquiridos.
Os resultados do inquérito apontam para uma passagem "da vida noturna à vida familiar", sendo o domicílio referido como o contexto mais comum para o consumo de droga durante o período em causa (85% dos inquiridos no inquérito UE-Suíça e 72% nos Balcãs ocidentais), um padrão acentuado pelos confinamentos associados à covid-19 e pelo encerramento de locais de diversão noturna.
"A motivação para o consumo de diferentes substâncias lança alguma luz sobre estes resultados", diz o OEDT numa nota enviada à Lusa, apontando que "as mais referidas para o consumo de canábis foram o relaxamento, para ficar com a 'moca' e para melhorar o sono, enquanto para MDMA/ecstasy foram os seus efeitos eufóricos e socializadores".
No mesmo documento, o diretor do EMCDDA, Alexis Goosdeel, destaca que "os inquéritos em linha são um ingrediente essencial na monitorização do fenómeno da droga na Europa".
"Ajudam-nos a chegar a uma população-alvo importante através de métodos inovadores 'online'. Os resultados atuais revelam a grande variedade de drogas disponíveis em toda a Europa e fornecem informações valiosas sobre as tendências emergentes e os padrões de consumo em mutação durante a pandemia da covid-19. Desta vez, 100 organizações juntaram-se a nós na elaboração, tradução e divulgação do inquérito, assegurando que este é agora um instrumento importante para ajudar a adaptar as nossas respostas e a moldar as futuras políticas em matéria de droga", adianta Aléxis Goosdeel.
O Observatório destaca que, em 2021, três países da chamada Política Europeia de Vizinhança (Geórgia, Líbano, Ucrânia) participaram também no inquérito pela primeira vez, através de um projeto de assistência técnica do EMCDDA, e esses resultados serão publicados na primavera deste ano.
Em países não pertencentes à UE, o EMCDDA colaborou nos inquéritos com pontos de contacto nacionais e ONG.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.