Encerramento deve-se a "falta de viabilidade económica".
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Uma fábrica de painéis solares em Moura anunciou o encerramento aos trabalhadores no início desta semana devido à forte concorrência de empresas chinesas no mercado de energias renováveis.
A empresa contava com cerca de 105 trabalhadores entre eles jovens e casais.
O fecho da fábrica de painéis solares de Moura, no Alentejo, por falta de viabilidade económica, foi "um choque" para os 105 trabalhadores, que tinham "esperança" de que continuasse a laborar, mas vão ficar desempregados.
Foi "um choque", porque havia "um bocadinho de esperança de que se conseguia resolver a situação" da fábrica, "mas, infelizmente, não foi possível", confessou esta sexta-feira à agência Lusa Raquel Pereira, trabalhadora da MFS - Moura Fábrica Solar, situada na cidade de Moura, no distrito de Beja.
Raquel, de 35 anos, e o marido, funcionários há quatro anos e meio e 11 anos, respetivamente, são um dos 10 casais que trabalhavam na fábrica e vão ficar desempregados.
"Somos o sustento da casa, os dois no desemprego vai ser complicado, temos um filho para criar com 13 anos", lamentou Raquel.
O fecho, justificado pela dona da fábrica, a empresa espanhola ACCIONA, com o facto de a sua viabilidade económica ser "impossível, num ambiente de mercado competitivo dominado por fabricantes chineses", também foi um "choque" para o trabalhador mais velho da MFS, Luís Cruz, de 60 anos.
"Já estávamos quase à espera, mas é evidente que é sempre um choque ver 11 anos de trabalho numa empresa daquelas e de repente ficar sem trabalho", disse Luís Cruz, defendendo que os 105 trabalhadores têm de se "agarrar à esperança de encontrar um novo trabalho".
"Foi um choque, porque no concelho [de Moura] o trabalho não é muito abundante e ficámos todos chocados e preocupados", reforçou Paulo Coelho, de 44 anos e trabalhador da MFS há três.
Há casais que "ficaram sem trabalho" e "vai ser mais complicado", mas, "agora, é olhar para a frente, não baixar os braços e tentar arranjar trabalho, o que "é difícil" no concelho de Moura, mas "vamos tentar", defendeu Paulo, que é casado e tem três filhos.
Para o presidente da Câmara de Moura, o socialista Álvaro Azedo, o fecho da MFS "não é propriamente uma surpresa", porque "nos últimos tempos" assistiu-se "a alguma instabilidade na fábrica".
O autarca disse que foi "acompanhando" a situação e o município fez algumas diligências na tentativa de assegurar a continuidade da fábrica e de "lutar contra este desfecho", que "era previsível".
"A minha preocupação são as 105 pessoas que vão ficar sem trabalho", disse o autarca, lembrando que a MFS "era o maior empregador privado do concelho", que tem 14 mil habitantes e cerca de mil desempregados registados.
A criação da MFS, que começou a produzir em 2008, foi uma das contrapartidas do projeto de construção da Central Solar Fotovoltaica de Amareleja, no concelho de Moura.
Após ter comprado a empresa criada pela câmara para construir e gerir a central, a ACCIONA construiu a MFS e, no âmbito de um acordo com o município, comprometeu-se a mantê-la a funcionar durante 10 anos, ou seja, até 2018, e com mais de 100 trabalhadores.
A MFS parou de produzir durante vários períodos, mas manteve sempre a relação laboral com os trabalhadores.
Um porta-voz da ACCIONA disse à Lusa que a empresa "cumpriu plenamente todos os seus compromissos com as autoridades nacionais e locais, mantendo a atividade da fábrica durante 10 anos, com uma média de mais de 100 empregados" e através de dois parceiros tecnológicos, um primeiro espanhol e um segundo chinês, que "a geriram consecutivamente".
No entanto, o segundo parceiro, chinês, que geria a fábrica, "anunciou em 10 de setembro de 2018 - sete dias depois de a União Europeia ter decidido eliminar as tarifas sobre a importação de painéis da China - que iria concluir definitivamente a sua atividade em Moura e transferir a sua produção para fábricas na Ásia", explicou o porta-voz.
"Ao longo de 2018", a ACCIONA tentou negociar a entrada de um terceiro parceiro tecnológico na gestão da MFS, mas "sem qualquer resultado, dada a evolução do setor à escala global", e, por isso, "não houve outra opção senão [a de] fechar a fábrica", que parou de produzir painéis solares no passado mês de setembro, frisou.
Questionado sobre o que falhou na MFS, o autarca de Moura disse que o município devia ter negociado com a ACCIONA "um prazo mais dilatado" para a manutenção da atividade da fábrica, "em vez dos 10 anos, 25 anos, que é o tempo que a empresa vai explorar a Central Solar Fotovoltaica de Amareleja.
Por outro lado, frisou, a União Europeia ter decidido eliminar as tarifas sobre a importação de painéis da China "também não contribuiu" para a viabilidade da fábrica.
Os trabalhadores vão ser notificados formalmente por carta da decisão da ACCIONA e, após o período de negociações com os representantes sindicais, irão receber os pré-avisos de despedimento e as cartas de indemnização e só depois a fábrica irá fechar.
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