O lar Idoso 24 teve ordem de fecho em Outubro, mas continuou aberto. "O jantar eram os restos do almoço. Tinha muito frio. Não quero ir para lado nenhum, prefiro morrer", contou Virgínia Pio, utente no lar da Quinta do Conde. Amélia Raposo, antiga funcionária do Idoso 24, acolheu três utentes em casa. "Passavam fome e eram muito maltratados. Era uma banana para três, uma carcaça dividida e poucos banhos por mês."
Cada idoso pagava de 425 a 600 euros, consoante a reforma. "Ninguém passou fome ou foi maltratado. Os doentes de Alzheimer não sabem o que dizem e há funcionárias muito más. Os lares vão fechar por falta de condições das instalações", disse Carlos Prado, proprietário dos lares. A Segurança Social vai participar os factos ao Ministério Público, a quem caberá instaurar um inquérito.
Desde Janeiro, o Instituto da Segurança Social realizou mais de 1900 fiscalizações a equipamentos sociais, dos quais 620 a lares, resultando em 82 encerramentos: 74 administrativos e oito urgentes. Para João Ferreira de Almeida, da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso, "há mais de três mil casas clandestinas", que podem ter até 35 mil pessoas. De acordo com a Segurança Social, há 56 509 vagas em equipamentos com acordo de cooperação e 10 337 nos lares privados.