Máfia das senhas faz negócio na Loja do Cidadão em Lisboa. Há quem pague 100 euros por vaga para atendimento
Rede angaria pessoas para irem para a fila, de madrugada. Cabecilhas vendem depois as senhas a quem precisa.
Sandro Bettencourt
27 de Setembro de 2023 às 01:30
Uma rede organizada que vende senhas, de forma clandestina, para atendimento na Loja de Cidadão do Saldanha, em Lisboa, está a aproveitar-se do desespero de quem quer tratar de assuntos urgentes. Cada senha, no mercado negro, pode valer até 100 euros. É tudo feito às claras, num clima de impunidade.
As longas filas que todos os dias se formam na Loja de Cidadão no Saldanha continuam a ser um autêntico pesadelo para milhares de pessoas. Há quem durma ao relento para tentar garantir uma vaga. O desespero de uns acabou por se transformar num negócio de milhares de euros para uma rede organizada que atua de forma organizada na Rua Engenheiro Vieira da Silva.
A equipa do CM chega ao local às quatro da manhã. No início da fila, várias pessoas dormem no chão, cobertas com mantas. São o elo mais fraco de um esquema de venda ilegal de senhas. São homens e mulheres vulneráveis que trabalham para quem domina o negócio de milhares de euros. As senhas dos primeiros a chegar são depois entregues aos cabecilhas da rede, por cerca de 5 euros cada, que as vendem por valores que podem chegar aos 100 euros. As mais requisitadas são as que permitem tratar de assuntos relacionados com as Finanças, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes e a Segurança Social.
Questionada pelo CM, a Agência para a Modernização Administrativa garante que a prática ilegal já foi participada ao Ministério Público, no dia 14 de setembro.
Milhares de euros‘Investigação CM’ desta quarta-feira (21h30) mostra esquema de venda de senhas para atendimento na Loja de Cidadão no Saldanha, em Lisboa. Negócio vale milhares de euros. Já foi feita participação ao MP.
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