Durante o último ano, 27 pessoas com mais de 65 anos recorreram às instalações Espaço Júlia, em comparação com 29 no ano anterior.
RIAV (Resposta Integrada de Apoio à Vítima), em Lisboa, são vítimas de violência doméstica por parte dos filhos, disseram à Lusa os responsáveis pelo equipamento.
Por essa razão, a responsável pelo Espaço Júlia, Inês Carrolo, afirmou à Lusa que "os idosos são as vítimas mais difíceis porque há uma grande culpa" e questionamento sobre terem errado na educação dos filhos, o que faz com que tenham "muita dificuldade em denunciar" a violência de que são alvo.
O chefe João Dias, da 1.ª Divisão da PSP, revelou que, se os filhos forem também os seus cuidadores, surgem novas questões para os idosos como: "Se eu sair daqui para onde é que eu vou? Quem vai tomar conta de mim?".
No Espaço Júlia, o número de denúncias de violência doméstica a idosos diminuiu quase 7% em 2020 face a 2019, de acordo com dados fornecidos pela instituição.
Durante o último ano, 27 pessoas com mais de 65 anos recorreram às instalações na Alameda de Santo António dos Capuchos, em comparação com 29 no ano anterior.
Estes números não incluem as pessoas que recorreram ao equipamento já com processos em desenvolvimento.
A PSP verificou que este tipo de denúncias aumentou com a crise, mais particularmente a partir de 2012 devido à intervenção da 'Troika' no país.
"Muitas famílias perderam a casa e os idosos acolheram os seus filhos e netos. Muitas vezes, com três gerações juntas, a única fonte de rendimento é a pensão do idoso. Em casas pequenas, o clima foi-se agravando", explicou João Dias.
Já foram muitos os casos a passarem por este ponto de atendimento especializado e incontáveis marcas de agressão, desde marcas de pontapés em que "a bota ficou marcada na perna" até a arranhões no braço.
João Dias disse que é importante perceber que, no caso de pessoas com mais de 65 anos, "um simples empurrão pode provocar a queda e a fratura de um osso, e em pouco tempo a sua morte".
Entre os muitos casos que lhe passaram pelas mãos, Inês Carrolo lembrou o de uma mulher que lhe pediu para não baterem no filho enquanto outras que dizem que os "perdoam por ajudarmos a prendê-los", sublinhando que são testemunhos que "marcam muito" a equipa.
"Muitas vezes essas pessoas [idosas] chegam aqui e aquilo que querem é que a polícia ralhe com eles [agressores]" - sejam os filhos ou companheiros -- "e falam quase em confidência", contou João Dias, sublinhando a importância de falar sobre o que lhes está a acontecer e tentar desconstruir a situação.
Ao contrário do que acontece com vítimas mais novas, a maior parte dos idosos, depois de realizada a denúncia, querem voltar para casa, onde estiveram a vida toda.
São, por isso, casos excecionais os das vítimas que vão para lares, até porque os técnicos e a PSP procuram respostas na comunidade.
"Não fazemos nada que a vítima não queira, é o primeiro princípio: o da autonomia da vontade", sintetizou a responsável pelo equipamento.
Inaugurado no dia 24 de julho de 2015, o Espaço Júlia integra técnicos de apoio à vítima da Freguesia de Santo António e agentes da PSP, em parceria com o Centro Hospitalar de Lisboa Central.
O próprio nome do equipamento é uma homenagem a Júlia, idosa que vivia nesta mesma rua e que no dia 25 de setembro de 2011, aos 77 anos, num ato de violência doméstica, foi assassinada pelo marido, com quem estava casada há mais de 30 anos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.