Portugal regista consecutivamente desde 10 de janeiro mais de 600 mortos por dia, com a passada quarta-feira a ultrapassar essa fasquia e ao atingir um número recorde de 719 óbitos.
Se aos mortos contabilizados anteontem subtrairmos os 219 mortos por Covid registados no passado dia 20, verifica-se um acréscimo da mortalidade geral em perto de 100 pessoas face ao dia homólogo de 2020. De acordo com o Sistema de Informação dos Certificados de Óbito da Direção-Geral da Saúde, a média a sete dias da última semana contabilizada fixou-se nas 674,4 mortes.
É no Alentejo que se regista o maior índice de mortalidade por mil habitantes: 179,46. Por região, é em Lisboa e Vale do Tejo onde se morre mais, tendo a DGS registado anteontem 236 óbitos. O disparo de óbitos por Covid nos últimos dias tem feito aumentar exponencialmente o que parecem ser mortes colaterais da doença, o que explicará o maior número de falecimentos desde que há registos.
Este facto está a criar grandes dificuldades a muitos hospitais, que estão a ficar sem espaço para colocar os mortos. É o caso do Hospital do Barreiro, que adquiriu mais um contentor frigorífico, por forma a aumentar a capacidade de resposta.
"Devido ao aumento da mortalidade que neste momento se verifica e que se deve, em parte, à evolução da pandemia, além do incremento da taxa de mortalidade tipicamente verificada nesta altura do ano (...), o Centro Hospitalar Barreiro Montijo contratou a disponibilização de dois contentores frigoríficos para assegurar o melhor acondicionamento dos corpos dos utentes falecidos", informou ao CM aquela unidade hospitalar, acrescentado: "Ao dia de hoje [ontem] ainda não se mostrou necessária a utilização do segundo contentor, estando as necessidades a ser garantidas na casa mortuária e pela utilização de apenas um dos contentores."