Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento vivem fechadas e abriram uma exceção para vir à jornada e contar como é o dia a dia no mosteiro.
Freiras de clausura deixam mosteiro para participar na JMJ
Alma Ruth del Espiritu Santo é freira de clausura há cerca de 40 anos e, durante uns dias, deixou o mosteiro para trás para participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). "É a primeira vez que estou com tanta gente", garante, e tudo em nome de Jesus.
Com ela vieram mais três 'irmãs' da ordem das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento, diretamente do mosteiro da Adoração Perpétua de São Francisco, nos EUA, para a Feira Vocacional da JMJ. Querem vir dar a conhecer a sua congregação e ajudar jovens a descobrir a vocação: "Convido-vos, a todas, a que não tenham medo. A que vejam que a vida religiosa é muito alegre, é muito diferente do que acham."
Com os corredores dos mosteiros cada vez mais vazios, Alma aventurou-se a vir até Lisboa e, de sorriso rasgado, garante que está encantada com o que vê, apesar de já sentir saudades da sua comunidade. "É belíssimo ver tanta juventude e ver que a nossa vida vale a pena, para continuar a pedir por cada uma destas pessoas que procurem a sua vocação, onde Deus as queira. Estou feliz por estar aqui, se bem que já tenho muitas saudades do meu mosteiro", confessa.
"Deem a conhecer o encanto da adoração perpétua"
Na missão de conquistar a juventude, a 'irmã' Maria Grace de la Dolorosa toma a dianteira, com um sorriso convidativo e verbo fácil. Ter 34 anos também ajuda.
"É a primeira vez na história da ordem das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento que estas saem e que estão numa Jornada Mundial da Juventude. Porquê? Porque a nossa Santa Igreja, que é sábia, disse: ‘Não fiquem caladas, não fiquem apenas dentro dos vossos mosteiros. Saiam e deem a conhecer o vosso carisma, falem, deem a conhecer o encanto da adoração perpétua, da adoração a Jesus e à Eucaristia", explica.
Maria Grace é a mais nova da congregação e dona de uma alegria contagiante. Tem três anos e quatro meses de vida religiosa, quatro meses de vida consagrada – ou seja, com votos de pobreza, castidade e obediência para toda a vida – e garante que não sabe porque é que Deus a chamou.
"Digo às minhas irmãs no convento: ‘Não sei porque Nosso Senhor me escolheu, se falo tanto e se sou tão enérgica, mas o Nosso Senhor não se engana, Ele chamou-me e dá-me a graça de poder estar aqui", salienta. A freira garante que sente saudades da família, dos amigos, da vida que deixou para trás, mas que a partir do momento em que decidiu ir para o mosteiro nunca mais pensou sair – sem ser para tarefas básicas do dia a dia ou para encontros noutros mosteiros. A vinda à JMJ é uma experiência "totalmente nova".Mosteiros quase vazios
"Estar aqui é renovar-me. Ver a energia destes jovens enche-me dessa energia de que preciso para continuar a dar ao Nosso Senhor o que me pede", sublinha, radiante.
Apesar de o objetivo da sua vinda à JMJ ser claro, Maria Grace garante: "Não viemos apenas porque queremos que todas sejam adoradoras, mas porque queremos que todas encontrem a sua vocação. E fazêmo-lo com todo o amor que Deus nos permite ter".
Mas arranjar novas adoradoras é uma missão importante. Alma Ruth é responsável pelas noviças e garante que o receio de que alguns mosteiros fechem por falta de religiosas é real. No mosteiro da Adoração Perpétua de São Francisco são apenas 12, quando a maioria dos mosteiros tem cerca de 25 religiosas.
"É pouco para cobrir toda a adoração. O ideal seriam 100", diz com uma gargalhada, corrigindo que é "o que Deus quiser", mas que "24 ou 30 seria bom".O dia a dia no mosteiro entre orações e voleibol
E como é a vida de reclusão dentro do mosteiro? As ‘irmãs’ garantem que bem mais animada do que a maioria pensa.
"[Muitos] pensam que estar contemplativa é estar 24 horas de joelhos. Realmente, tudo o que fazemos é adoração, mas 24 horas de joelhos? Não", garante Alma Ruth.
E detalha como é um dia comum destas adoradoras: levantam-se entre as 5h15 e as 5h30; às 6h15 rezam o Laudes na capela, rezam o rosário, têm a Santa Missa e a meditação. Depois, saem para tomar o pequeno-almoço e às 9h00 vão para os trabalhos que tiverem para realizar. Às 11h40 rezam a ‘sexta’ e fazem o exame de consciência.
Às 12h00, almoçam e às 12h40 têm um tempo de pausa. Às 13h00 jogam voleibol, às 13h30 têm 15 minutos de leitura comunitária e às 13h45 têm a sesta ou tempo livre.
As ‘irmãs’ regressam às orações às 14h45 com a ‘nona’, das 15h00 às 16h00 fazem o Lectio Divina (um exercício de reflexão) e às 16h00 retomam as tarefas que tiverem que fazer ou o estudo. Às 17h00 fazem a oração das Vésperas e leituras e às 18h00 jantam.
"Depois do jantar temos limpezas, vamos à capela, o que houver para fazer. Às 19h40 temos outra pausa e jogamos voleibol ou fazemos outra coisa", conta. Durante todo o dia têm uma hora de oração em que se vão revezando e o mesmo acontece à noite, a partir das 20h30.Televisão, Internet e telemóvel
No mosteiro as freiras têm televisão, "para ver quando o Papa chega ou algum filme religioso" e também têm um telemóvel que é usado pelas ‘irmãs’ quando precisam de sair.
Deixar esta rotina por uns dias não é fácil, mas Alma Ruth garante: "Sei que Deus nos está a pedir este sacrifício pelo bem da Santa Ordem".
E pelo "bem da Santa Ordem" também já há Internet. "As mais novas quiseram instalar Internet porque dizem que os jovens agora estão aí", sublinha Alma Ruth.
Em Lisboa, têm partilhado a sua experiência, mostrado que são "pessoas normais" e Maria Grace garante que já há jovens interessadas: "Esperamos e pedimos ao Nosso Senhor Jesus que abram o coração e respondam ao Seu chamamento."
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