Portugal vai receber até ao final do ano mais cerca de 600 refugiados, segundo revelou esta segunda-feira o ministro Adjunto, Eduardo Cabrita. Vão juntar-se aos 585 atuais, totalizando perto de 1200 pessoas que fugiram da guerra nos seus países. A maioria dos que já estão em Portugal são sírios.
No âmbito do Programa de Recolocação da União Europeia foram 534 os refugiados a dar entrada em Portugal; os restantes 51 vieram via Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, no Programa de Reinstalação. Distribuídos por 68 municípios, estão, de uma maneira geral, a integrar-se bem. Segundo apurou o
CM, junto de várias organizações de apoio, o domínio da língua portuguesa é a maior dificuldade.
Muitos são casais que decidiram aumentar as famílias. Houve já bebés a nascer no nosso país. Jana foi uma das primeiras crianças a nascer em Portugal. Filha de pais sírios, veio ao mundo a 5 de setembro na maternidade em Coimbra. A família, residente em Penela, chegou há dez meses, mas ainda não se sente totalmente integrada. No entanto, é no nosso país que Mahmoud Kattam, 34 anos, quer ver crescer os filhos. Além de Jana tem mais três rapazes: dois, quatro e seis anos.
Ainda está a aprender a língua e, por isso, não conseguiu arranjar trabalho. Na Síria era vendedor. Espera agora encontrar um emprego nessa área. Para os filhos, diz, a integração "é muito mais fácil". Os três mais velhos frequentam a escola e já têm "muitos amigos". Com o fim do apoio para o projeto de integração "vai ser ainda mais difícil", teme. "Dez meses de apoio é muito pouco", refere.
Belal Ibrahim, do Sudão, que reside no mesmo complexo com a avó e dois irmãos de 13 anos, tem uma opinião semelhante. Está a trabalhar há um mês e meio, mas os 200 euros de vencimento são insuficientes para toda a família. Gosta de Portugal, mas considera que se "ganha muito pouco para construir um futuro".