Instituições vão desenvolver tecnologia para captar os sinais dos bebés depois traduzidos para uma notação gráfica e depois para óculos.
Os primeiros protótipos do projeto que coloca bebés no papel de compositores vão ser testados em 2026 em Portugal, no âmbito de "Amplify", iniciativa que junta 14 instituições internacionais, entre as quais a portuguesa Cooperativa Paulo Lameiro.
A partir da cidade de Pisa, em Itália, onde, até sexta-feira, está reunida a equipa responsável pelo desenvolvimento das diversas soluções tecnológicas do projeto, Paulo Lameiro explicou à agência Lusa os resultados do primeiro ano de trabalho de "Amplify", que recorre, em tempo real, à Inteligência Artificial e realidade aumentada.
"Estamos a fechar a primeira fase, onde os princípios do projeto ganham forma prática nos primeiros protótipos - ou exemplos de protótipos - que queremos testar no próximo ano, em 2026, mas que precisamos de aferir".
Com duração de três anos, "Amplify" ambiciona tornar os bebés compositores.
"Isto quer dizer que os investigadores", que integram o consórcio internacional de 14 instituições, "vão ter de desenvolver tecnologia para captar os sinais dos bebés e traduzir esses sinais para uma notação gráfica que depois é transmitida para uns óculos", a usar pelos músicos em concertos para a primeira infância.
A investigação está em fase de testes, "não acabada ainda".
Em Itália foi já testado o processo, "mas em elementos separados". Em 2026, anuncia-se para Portugal a primeira experiência integrada.
"Já temos uns óculos de realidade virtual, a aplicação que vamos usar já está feita no formato 0.1, mas já podemos ler partituras nos óculos. Os músicos já estiveram a fazer este exercício", revelou o criador, em Portugal, do projeto Concertos para Bebés.
No desenvolvimento, ao longo deste ano, vários pais estiveram "envolvidos em sessões de codesign", porque "este projeto é muito formatado por um 'human-centered approach' [abordagem centrada na pessoa]" e "não somente para produzir patentes ou 'papers'".
Relativamente ao ponto de partida, "há uma dimensão nova no projeto", destacou Paulo Lameiro.
Além dos bebés produzirem a música dos concertos, "as crianças maiores, com 02 e 03 anos, vão ter um papel crucial, porque todo o 'light design', a iluminação do projeto, vai ser também feita com base em alguns instrumentos musicais que são sensores também, que vão estar espalhados pelo palco".
As crianças maiores, ao manipularem e ao tocarem neles, "estão a ativar também as luzes que vão estar incorporadas não só nos figurinos dos músicos, bem como em alguns outros elementos".
A par disso, a equipa trabalha também numa componente que "não estava totalmente prevista inicialmente". A captação "das emoções das mães que têm os bebés ao colo", para que "também essas emoções sejam tidas em conta na partitura" a criar.
"Ou seja", esclareceu Paulo Lameiro, "na verdade, a partitura vai ser escrita a três mãos (ou a seis): bebés por um lado; os pais e adultos que os acompanham; e, em terceiro lugar, os artistas, porque os artistas e os músicos têm aqui um papel importante, uma vez que a notação não é convencional e eles estão a aprender a tocar uma linguagem que é muita responsabilizadora".
"Não é um músico qualquer que vai ler aquela partitura", sublinhou.
Em todo o processo de desenvolvimento está a ter tida em conta a diversidade cultural.
"As mães no Brasil, em Estocolmo ou em Leiria têm reações diferentes e é preciso afinar o software para a cultura em concreto onde está a acontecer o concerto".
Porque, dependendo da geografia, "há concertos onde os adultos que estão muito focados, em silêncio total, em completa concentração, e há culturas onde estar envolvido e estar a ouvir com concentração não é estar com essa postura, é estar com outras dinâmicas corporais, outros movimentos".
"É um processo muito interessante que estamos aqui a discutir, porque envolve não só tecnologia, mas tudo o que é comportamento humano em distintas culturas", concluiu o investigador português.
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