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Rede Anti-Pobreza reivindica que pobreza não é problema dos pobres mas da sociedade

Na UE existem mais de 93 milhões de pessoas em situação de pobreza, mais de dois milhões delas em Portugal.

12 de setembro de 2025 às 18:19

A presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal pediu esta sexta-feira prioridade ao fim da pobreza, considerando que esse "não é um problema dos pobres", mas sim "da sociedade e da forma como ela funciona".

A luta contra a pobreza e a sua erradicação "deve ser uma prioridade, para que as democracias se reforcem e a economia avance, porque a situação de pobreza não é um problema dos pobres, é um problema da sociedade e da forma como ela funciona", disse Maria Joaquina Madeira.

A responsável falava à agência Lusa no âmbito de um almoço/debate com organizações da sociedade civil e representantes portugueses no Parlamento Europeu para refletir sobre a luta contra a pobreza e as propostas para a defesa de uma Europa Social.

Segundo a Rede Europeia Anti-Pobreza de Portugal (EAPN Portugal) existem mais de 93 milhões de pessoas em situação de pobreza e/ou exclusão social na União Europeia (UE), mais de dois milhões delas em Portugal.

Em Portugal, afirmou Maria Joaquina Madeira, tem havido um crescimento económico confortável, um crescimento do PIB e um aumento do salário mínimo nacional, mas tal "não chegou às pessoas mais pobres": há 20% da população a viver com um valor igual ou inferior a 630 euros.

E essa é só a pobreza material, ainda que a pobreza não seja apenas sobre questões de rendimento, sendo também questões de acesso à saúde, à escola bem-sucedida, à integração num trabalho de qualidade, a uma vida digna e de qualidade.

A presidente recordou um relatório recente europeu que dá conta de que mais de 50% dos portugueses inquiridos reconhece que é urgente travar a luta contra a pobreza.

"A situação não afeta só as pessoas em situação de pobreza, afeta o desenvolvimento do país, porque as pessoas são pouco contributivas também para o desenvolvimento, portanto trabalhar a combater a pobreza é uma forma de investimento e não um desperdício de dinheiro", avisou.

Acrescentou que a agenda política deve pôr como prioridade o combate à pobreza, "como uma questão de desenvolvimento económico e social da Europa".

E caminha a Europa num bom sentido? Maria Joaquina Madeira disse que há sinais, que há uma preocupação, agora até com a habitação, um problema com um grande impacto, especialmente nas crianças.

E disse que é preciso força política. Sobre Portugal, aguarda que o Governo dê sinais de que a pobreza está na agenda política.

A pobreza, frisou, não é um problema só do Ministério do Trabalho e Segurança Social, embora seja importante minimizar os efeitos da pobreza, a proteção social, bem como o trabalho das IPSS. Mas a causa e a raiz da pobreza é a "sociedade e os modelos sociais e económicos que ela desenvolve".

No debate, a eurodeputada do PS Isilda Gomes destacou que uma sociedade com fome e pobreza nunca será uma sociedade democrática.

E, como Joel Moriano, representando o PCP, falou das perspetivas sobre a estratégia europeia de combate à pobreza, que a Comissão Europeia irá apresentar em breve.

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