page view

Se o fogo estiver perto, o mais prudente é ficar em casa

Pegar no carro "é a pior coisa", diz presidente da Associação de Técnicos de Segurança e Proteção Civil.

21 de junho de 2017 às 11:28

Em caso de proximidade de incêndio florestal, uma das piores opções é fugir de carro, defendendo os especialistas que as pessoas devem ficar em casa com as janelas e as portas calafetadas de forma a protegerem-se do fumo.

Pegar no carro "é a pior coisa", disse à Lusa o presidente da Associação de Técnicos de Segurança e Proteção Civil (Asprocivil), Ricardo Ribeiro, considerando que esta opção é semelhante a optar por usar o elevador, em vez das escadas, em caso de incêndio num edifício.

"A verdade é que quando tentamos fugir de carro, como aconteceu na estrada EN236, as pessoas entram numa área abrangida por fumos que alteram o funcionamento do veículo, assim como provocam a intoxicação por inalação", explicou o presidente da associação e também professor na área da proteção civil.

"Quem não está habilitado a ter uma relação de trabalho com o incêndio como é o caso dos bombeiros não se deve expor", frisou.

Perante um incêndio florestal próximo da residência, adiantou, deve-se assim não sair de casa para não se expor aos riscos, calafetar portas e janelas para evitar que o fumo entre e contactar o 117 ou o 112 ou ainda o corpo de bombeiros mais próximo.

Outra regra de segurança, frisou, é desligar o gás e a eletricidade (caso não comprometa as ligações telefónicas), ouvir rádio para ter informações do exterior e manter-se no piso mais baixo da habitação e com a cabeça o mais baixo possível.

Em matéria de prevenção, Ricardo Ribeiro defende que, antes dos incêndios, devem ser cumpridas regras obrigatórias por lei: fazer uma limpeza de 50 metros à volta da casa, retirando a capacidade de ignição e propagação do incêndio (mato e ervas), garantindo também que as copas das árvores não estejam a menos de cinco metros da casa e que, entre elas, haja pelo menos quatro metros de distância.

"São regras básicas a fazer como medidas de autoproteção contra o incêndio. Se tiver desenvolvido essas medidas, é pouco provável que a minha casa esteja em perigo", explicou.

Ricardo Ribeiro, autor de uma tese de doutoramento que avalia o resultado de dez anos de aplicação do Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, considera importante que as pessoas percebam que a segurança das suas casas também é uma responsabilidade de cada cidadão.

"Temos a obrigação de defender os nossos bens e a nossa vida", adiantou.

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 150 feridos.

Quarenta e sete pessoas morreram na EN236.

O fogo começou em Escalos Fundeiros e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.

Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Este incêndio já consumiu cerca de 26.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8