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Temperatura mundial poderá subir 3°C no fim do século se não houver alteração de medidas de impacto ambiental

Relatório das Nações Unidas destaca necessidade da redução para metade das emissões estimadas de gases com efeito de estufa até 2030.
Lusa 20 de Novembro de 2023 às 18:21
Temperaturas elevadas
Temperaturas elevadas FOTO: Getty Images

Um relatório da ONU alertou esta segunda-feira para a necessidade da redução para metade das emissões estimadas de gases com efeito de estufa (GEE) até 2030, para impedir um aumento da temperatura global acima de 1,5 °C.

Intitulado "Broken Record - Temperatures hit new highs, yet world fails to cut emissions (again)" [Recorde quebrado - As temperaturas atingem novos máximos, mas o mundo não consegue reduzir as emissões (mais uma vez)], o relatório foi hoje divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Lembrando que só este ano houve 86 dias com temperaturas médias superiores a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e que setembro foi o mês mais quente de sempre, o documento diz ainda que 2023 foi ano de eventos extremos devastadores, numa amostra do que será o futuro sem redução de emissões de GEE, alerta o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC).

O relatório, uma avaliação anual, independente e cientificamente fundamentada, foca-se no desfasamento entre as prometidas reduções de emissões e o que é realmente necessário limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos valores médios da era pré-industrial e conclui que na atual trajetória as temperaturas serão 3°C mais altas no fim do século.

"A incapacidade de reduzir as emissões de GEE até 2030 torna impossível limitar o aquecimento a 1,5°C", avisa o PNUMA, afirmando que foram batidos não só os recordes de temperatura, como em 2022 foram batidas as emissões globais de GEE e as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2).

As emissões globais de GEE aumentaram 1,2% de 2021 para 2022, atingindo novo recorde de 57,4 gigatoneladas de CO2 equivalente, refere o relatório, frisando que todos os setores, com exceção dos transportes, recuperaram totalmente da queda das emissões devido à pandemia de covid-19 e excedem agora os níveis de 2019.

Os países mais ricos (G20) também aumentaram as emissões, sendo que são atualmente responsáveis por 76% das emissões globais. O PNUMA nota também que os 10% da população mais rica foram responsáveis por quase metade (48%) das emissões. E os 50% mais pobres contribuíram com 12% das emissões.

Para impedir um aumento de 3°C das temperaturas no final do século, todos os países terão de reduzir emissões muito para além das promessas atuais, cortando 42% das emissões até 2030 se quiserem não ultrapassar os 1,5°C, uma meta assumida em 2015 no Acordo de Paris sobre redução de emissões.

Se a meta for não ultrapassar os 2°C os cortes terão de ser de 28%. O Acordo de Paris impõe como meta não ultrapassar os 2°C, idealmente os 1,5°C.

O relatório foi divulgado a 10 dias do início de mais uma cimeira da ONU sobre o clima (COP28) na qual será feito o primeiro balanço global do Acordo de Paris.

Num comentário ao documento a associação ambientalista portuguesa Zero salienta a necessidade imediata de medidas de mitigação, "aceleradas e implacáveis" para se conseguirem cortes profundos nas emissões até 2030.

E frisa que há "uma obrigação muito clara por parte dos países desenvolvidos em liderar o esforço" na luta contra a crise climática, que deve ser complementada com esforços dos países em desenvolvimento.

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