Do pó se faz um planeta
A recente descoberta de um planeta com apenas 8 a 10 milhões de anos, a orbitar numa estrela semelhante ao Sol, pode trazer uma nova luz sobre as teorias existentes relacionadas com a formação destes corpos celestes.
Ainda um bebé, comparado com a Terra que ‘já’ tem 4,5 mil milhões de anos, o ‘TW Hya B’ orbita à volta da estrela ‘TW Hydrae’, localizada a 180 anos-luz da Terra. Até ao momento nunca se encontrou um planeta com menos de 100 milhões de anos a orbitar numa estrela semelhante ao Sol.
“Isto significa que podemos começar a procurar planetas em estrelas jovens. Este é o primeiro exemplo de que isso é possível e acreditamos existirem muitos mais”, explicou Alan Boss, um teórico especialista em formação de planetas do Instituto Carnegie de Washington.
Num estudo publicado recentemente na revista ‘Nature’, demonstra-se que “os planetas podem ser formados até aos 10 milhões de anos, antes de o disco de matéria e gás, que circunda a estrela, desaparecer levado pelo vento e radiação”.
Os investigadores acreditam que a formação de planetas tem início nos discos de matéria existentes à volta de sistemas estelares recentes. Nesses locais, os astrónomos já detectaram sinais da existência de planetas. O planeta em si, porém, ainda não foi descoberto.
ECOGRAFIAS À MÃE ESTRELA
Os casos das estrelas ‘Fomalhaut’, ‘AU Microscopii’ e ‘Beta Pictoris’ são disso exemplo. As fotografias captadas pelo telescópio espacial Hubble, permitiram aos cientistas conjecturar sobre a formação de novos planetas nas faixas de pó e gás em redor de cada uma delas.
Das três, a ‘Fomalhaut’ é a estrela mais próxima da Terra e tem cerca de 200 milhões de anos. Em 2005, os dados recolhidos pelo Hubble surpreenderam os astrónomos da NASA – Agência Espacial Norte-americana. “Estas imagens confirmam as nossas expectativas, de que existirá um planeta no anel de partículas que circunda a estrela”, afirmou Paul Kalas, da Universidade de Berkeley. As fotografias recolhidas pelo telescópio espacial, funcionam como uma primeira ecografia, onde é possível ver-se que existe algo, mas que ainda não se sabe se resultará num planeta.
Existem mais de 250 planetas extra-solares, ou seja, que gravitam numa estrela que não o Sol. Face ao seu enorme tamanho e composição são também designados por gigantes gasosos, fazendo de Júpiter – o maior planeta do nosso sistema solar – um anão. O mistério em volta destes corpos celestes é enorme, uma vez que a distância em relação à Terra torna impossível analisar os materiais de que são compostos. Uma das questões levantadas por estes planetas é a capacidade de conter vida extraterrestre. Outra dúvida é a possibilidade de terem uma lua, esta sim, semelhante à Terra.
62,9 anos-luz é a distância a que se encontra a estrela ‘Beta Pictoris’ do planeta Terra. ‘Au Microscopii’ e ‘Fomalhaut’ estão, respectivamente, a 32,4 e a 25 anos-luz.
200 milhões de anos é a idade da estrela ‘Fomalhaut’, sendo a mais velha das três. ‘Au Microscopii’ tem 12 milhões de anos, enquanto a ‘Beta Pictoris’ fica-se pelos 10 milhões.
4,54 mil milhões de anos é a idade do planeta Terra, que dista 17 anos-luz do Sol.
ANOS-LUZ é a unidade de medida para comprimento usada na astronomia e corresponde à distância percorrida pela luz durante um ano, no vácuo, ou seja 9,460,730,472,580.8 quilómetros.
TELESCÓPIO HUBBLE foi lançado em 1990 e continua a enviar informação para a Terra. Este ano será melhorado, aumentando a sua vida útil até 2020.
EDWIN HUBBLE foi um dos principais astrónomos norte-americanos, tendo falecido em 1953. Confirmou que o universo está em expansão.
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